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01/03/2004
-
02h40
colunista da Folha de S.Paulo
Muitos escritores são associados a cidades e vice-versa: Kafka e Praga, Joyce e Dublin, Dickens e Londres, Machado e o Rio, Jorge Amado e Salvador. Cidades fascinantes pela história ou pelo cenário natural. Cidades que desafiam a imaginação.
Esse não é bem o caso de Porto Alegre, que não tem as belezas naturais do Rio ou de Salvador nem a história de Londres, Dublin ou Praga.
Contudo a capital gaúcha inspirou não poucos escritores (e poetas, e músicos, e pintores). Vamos ficar com dois exemplos, dois grandes exemplos: Erico Verissimo, romancista, e Mário Quintana, poeta, ambos da mesma geração e ambos já mortos.
Nenhum deles era nascido em Porto Alegre; Erico vinha de Cruz Alta, Mário, do Alegrete. Mas ambos tinham um estranhado amor pela cidade, que aparece com freqüência em suas obras.
No caso de Erico isso é notável no início da carreira, em romances como "Caminhos Cruzados" e "Olhai os Lírios do Campo"; posteriormente, sua visão ficcional se alargou, graças a novas experiências de vida; Erico era um grande viajante e passou muito tempo no exterior. "O Tempo e o Vento" é uma obra telúrica, o grande épico gaúcho; já "O Senhor Embaixador" tem Washington como cenário.
Mário era um miniaturista. Ele falava de uma Porto Alegre semiprovinciana, reservada, uma Porto Alegre que descobria em lugares inesperados: "Barzinho perdido/ na noite fria/ estrela e guia/ na escuridão". Uma Porto Alegre que amava entranhadamente: "Céus de Porto Alegre/ como farei para levar-vos para o Céu?"
Erico e Mário eram personagens de Porto Alegre.
No bairro Petrópolis, onde Erico tinha sua casa (e onde ainda hoje mora Luis Fernando Verissimo), era comum a gente vê-lo, com a fiel Mafalda, caminhando pelas ruas, cumprimentando amavelmente as pessoas.
Mário, jornalista, preferia o centro; morou anos no hotel Majestic, hoje sede da Casa de Cultura Mário Quintana. Seu desarrumado quarto foi ponto de partida para um curta-metragem. Ele era visto andando distraidamente pela praça da Alfândega, onde funciona a feira do Livro, à qual nunca faltava.
Erico Verissimo, Mário Quintana. Graças a eles, Porto Alegre tem lugar no Panteão literário das cidades.
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MOACYR SCLIARcolunista da Folha de S.Paulo
Muitos escritores são associados a cidades e vice-versa: Kafka e Praga, Joyce e Dublin, Dickens e Londres, Machado e o Rio, Jorge Amado e Salvador. Cidades fascinantes pela história ou pelo cenário natural. Cidades que desafiam a imaginação.
Esse não é bem o caso de Porto Alegre, que não tem as belezas naturais do Rio ou de Salvador nem a história de Londres, Dublin ou Praga.
Contudo a capital gaúcha inspirou não poucos escritores (e poetas, e músicos, e pintores). Vamos ficar com dois exemplos, dois grandes exemplos: Erico Verissimo, romancista, e Mário Quintana, poeta, ambos da mesma geração e ambos já mortos.
Nenhum deles era nascido em Porto Alegre; Erico vinha de Cruz Alta, Mário, do Alegrete. Mas ambos tinham um estranhado amor pela cidade, que aparece com freqüência em suas obras.
No caso de Erico isso é notável no início da carreira, em romances como "Caminhos Cruzados" e "Olhai os Lírios do Campo"; posteriormente, sua visão ficcional se alargou, graças a novas experiências de vida; Erico era um grande viajante e passou muito tempo no exterior. "O Tempo e o Vento" é uma obra telúrica, o grande épico gaúcho; já "O Senhor Embaixador" tem Washington como cenário.
Mário era um miniaturista. Ele falava de uma Porto Alegre semiprovinciana, reservada, uma Porto Alegre que descobria em lugares inesperados: "Barzinho perdido/ na noite fria/ estrela e guia/ na escuridão". Uma Porto Alegre que amava entranhadamente: "Céus de Porto Alegre/ como farei para levar-vos para o Céu?"
Erico e Mário eram personagens de Porto Alegre.
No bairro Petrópolis, onde Erico tinha sua casa (e onde ainda hoje mora Luis Fernando Verissimo), era comum a gente vê-lo, com a fiel Mafalda, caminhando pelas ruas, cumprimentando amavelmente as pessoas.
Mário, jornalista, preferia o centro; morou anos no hotel Majestic, hoje sede da Casa de Cultura Mário Quintana. Seu desarrumado quarto foi ponto de partida para um curta-metragem. Ele era visto andando distraidamente pela praça da Alfândega, onde funciona a feira do Livro, à qual nunca faltava.
Erico Verissimo, Mário Quintana. Graças a eles, Porto Alegre tem lugar no Panteão literário das cidades.
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