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14/06/2004
-
10h46
Enviado especial a Trancoso (BA)
Vestígios dos povos aratu e tupi-guarani encontrados na área do golfe devem compor museu arqueológico
Muito antes da chegada dos golfistas, da retomada hippie de Trancoso e de os portugueses apontarem as suas naus para o Brasil, dominavam a região onde se localiza hoje o Terravista povos indígenas. Vestígios da antiga ocupação de dois grupos --o aratu e o tupi-guarani-- foram encontrados na área na qual ora se instala o condomínio chique.
Iniciada em 2001, a pesquisa arqueológica atrasou o andamento das obras. Cerca de 100 mil peças, muitas delas fragmentadas, pequenos cacos, foram desenterradas na prospecção. Trouxe mais resultados a procura no solo do campo de golfe. Nada se achou onde está assentado o Club Med.
Por enquanto, três das peças em melhor estado de conservação estão expostas no "showroom" do condomínio. Consistem em uma grande urna funerária aratu, na qual foi encontrada uma arcada dentária completa, e dois cestos de cerâmica tupi-guarani.
"O grande objetivo da pesquisa é descobrir como esses agrupamentos estavam instalados e as suas características. E também realizar o salvamento desses sítios", diz o arqueólogo Luiz Viva, responsável pelas investigações.
Os aratus não chegaram a estabelecer contato com os europeus que aportaram em 1500 na região, a dita Costa do Descobrimento. Viveram no local provavelmente entre os séculos 10º e 14. Espalharam-se por Mato Grosso, por Minas Gerais, por Goiás, pelo interior de São Paulo, pelo litoral do Espírito Santo e por outros pontos do Nordeste.
Pero Vaz de Caminha
O mesmo --a inexistência do encontro entre nativo e navegante-- não se pode dizer dos tupis-guaranis. Foram eles os índios que Pedro Álvares Cabral deparou quando pisou no Brasil. Eles dominavam toda a costa do país. Focos de sua presença polvilhavam a Bahia. O sul do Estado, aliás, ainda hospeda remanescentes das antigas tribos.
Eram elas as "donas" das falésias que hoje encantam os turistas. Em sua carta ao rei --a primeira obra de nossa literatura e provavelmente o nosso primeiro prospecto turístico--, Pero Vaz de Caminha cita as rochas. São essas as suas impressões: "Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa".
A maior parte dos fragmentos retirados do chão do Terravista ainda se encontra em análise em Porto Seguro. Constituem eles propriedade da União -o Terravista detém a guarda do material. A intenção é criar um pequeno museu na chamada "aldeia", um centro comercial que comportará restaurantes, bares, pizzarias, galerias, joalherias, uma farmácia, uma livraria... O projeto deve ficar pronto no final de 2005.
Pedro Ivo Dubra viajou a convite de Terravista Empreendimentos.
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PEDRO IVO DUBRAEnviado especial a Trancoso (BA)
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Iniciada em 2001, a pesquisa arqueológica atrasou o andamento das obras. Cerca de 100 mil peças, muitas delas fragmentadas, pequenos cacos, foram desenterradas na prospecção. Trouxe mais resultados a procura no solo do campo de golfe. Nada se achou onde está assentado o Club Med.
Por enquanto, três das peças em melhor estado de conservação estão expostas no "showroom" do condomínio. Consistem em uma grande urna funerária aratu, na qual foi encontrada uma arcada dentária completa, e dois cestos de cerâmica tupi-guarani.
"O grande objetivo da pesquisa é descobrir como esses agrupamentos estavam instalados e as suas características. E também realizar o salvamento desses sítios", diz o arqueólogo Luiz Viva, responsável pelas investigações.
Os aratus não chegaram a estabelecer contato com os europeus que aportaram em 1500 na região, a dita Costa do Descobrimento. Viveram no local provavelmente entre os séculos 10º e 14. Espalharam-se por Mato Grosso, por Minas Gerais, por Goiás, pelo interior de São Paulo, pelo litoral do Espírito Santo e por outros pontos do Nordeste.
Pero Vaz de Caminha
O mesmo --a inexistência do encontro entre nativo e navegante-- não se pode dizer dos tupis-guaranis. Foram eles os índios que Pedro Álvares Cabral deparou quando pisou no Brasil. Eles dominavam toda a costa do país. Focos de sua presença polvilhavam a Bahia. O sul do Estado, aliás, ainda hospeda remanescentes das antigas tribos.
Eram elas as "donas" das falésias que hoje encantam os turistas. Em sua carta ao rei --a primeira obra de nossa literatura e provavelmente o nosso primeiro prospecto turístico--, Pero Vaz de Caminha cita as rochas. São essas as suas impressões: "Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa".
A maior parte dos fragmentos retirados do chão do Terravista ainda se encontra em análise em Porto Seguro. Constituem eles propriedade da União -o Terravista detém a guarda do material. A intenção é criar um pequeno museu na chamada "aldeia", um centro comercial que comportará restaurantes, bares, pizzarias, galerias, joalherias, uma farmácia, uma livraria... O projeto deve ficar pronto no final de 2005.
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