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14/04/2005 - 10h51

Fazendas de café: Turista trilha por caminho de condes

MARGARETE MAGALHÃES
Enviada especial a São Carlos (SP)

Um dia na Fazenda Pinhal inevitavelmente respingará um pouco dos ares do século 19 e de uma rotina vivida por um casal com título de conde e condessa do Pinhal, Antonio Carlos de Arruda Botelho e Anna Carolina, que se casaram em 1863.

Dois locais na propriedade transportam o turista com mais afinco ao passado. A casa-sede e o bosque da fazenda.

Comece pela manhã, bem cedo, fazendo uma caminhada pelo bosque. Quem só conhece gotas de orvalho por leituras de poesias sentirá o efeito da gota caindo do alto de alguma árvore. No percurso, há bambuzais, figueiras, abacateiros e goiabeiras, sem falar numa deliciosa alameda só de jabuticabeiras, que distrai o visitante. Embora não seja tempo de jabuticaba, as árvores estão carregadas da fruta. Quem passeia pela trilha pode se esbaldar com jabuticabas geladas logo cedo.

O bosque e o jardim da fazenda são fruto de um esforço pessoal da condessa, que tinha um especial apreço por flores. Após contrair núpcias com Antonio Carlos, Anna Carolina mandou trazer mudas e sementes de Rio Claro para dar vida aos arredores da casa. Também vieram plantas do Jardim Botânico, do Rio de Janeiro. A

lém do bosque, há também palmeiras imperiais engrandecendo a fachada da fazenda. À noite ou após um rápida chuva, sente-se o perfume de damas-da-noite e de jasmim.

As plantas de fora também adentram a casa. Flores frescas ornam o salão de refeições, onde era a antiga senzala, e vários outros cantos da Pinhal. Parece ser ainda uma homenagem à condessa que morreu em 1945, após passar quase toda a vida ali. A qualquer hora do dia, há um passeio irresistível. Subir e descer uma escada de água corrente de quase cem degraus.

A escada foi construída para a condessa após uma viagem do casal à estância hidromineral de Baden-Baden, na Alemanha, em 1892. Conta-se que a escada era para repetir um tratamento para reumatismo.

Os visitantes que quiserem seguir à risca o método da condessa devem tirar o calçado e subir os degraus. Na volta, a descida, ainda com os pés descalços, é feita sobre por um tapete de musgos ladeando a escada.

Museu

A casa-grande conserva móveis de palha entrelaçada, namoradeiras e quadros da família feitos por artistas brasileiros do Império. Na sala de visitas há dois quadros a óleo da condessa e do conde pintados pelo acadêmico Almeida Júnior (1850-1899), ituano mais conhecido pela obra "Caipira Picando Fumo", que estudou em Paris depois de receber uma bolsa de estudos de d. Pedro 2º.

Em outra sala há um quadro da fazenda pintado por Benedito Calixto (1853-1927) e uma bandeira do Império que não nos deixa esquecer a importância do café na economia, principalmente naquela época.

A sala de jantar guarda uma coleção especial. No armário envidraçado há louças de Limoges com o monograma do conde do Pinhal em cada peça.

Na cozinha, há também utensílios que podem ser estranhos a olhos modernos, como o funil usado para fazer fios de ovos.

Para os que quiserem se hospedar no próprio casarão, há dois dos 14 quartos do hotel-fazenda que são chamados históricos: o aposento que era da condessa e o de tia Elisa. O quarto de tia Elisa se diferencia dos outros por ter uma varanda com vista para um jardim francês.

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