Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
22/07/2011 - 08h00

Bruxinhos "reais" param a chuva e descolam emprego para a avó

Publicidade

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Eles fazem foguinho com as mãos, como Harry Potter?

Não, não fazem.

Matam criancinhas para preparar poções mágicas?

"Só sacrificamos virgens", ironiza Bruno Marques, 18.

Que tal sobrevoar o trânsito de São Paulo montados em suas vassouras 2.0?

"Ha-ha-ha, melhor ainda se eu pudesse 'aparatar' [forma de teletransporte descrita na saga de J.K. Rowling]", brinca Natasha Kandayan, 19.

Para os praticantes de wicca (bruxaria), o sapo do senso comum está longe de virar príncipe. Natasha até considera "bonitinha" as aventuras de Harry Potter, mas insiste: aquele mundo mágico não passa de ficção. Bruxaria pra valer "é mais sutil", diz.

Ela nasceu Natasha, mas você pode chamá-la de Prytania, "a senhora de toda magia". É, afinal, o nome pagão que escolheu para si, "em homenagem a uma deusa antiga". A adoção do R.G. místico é de praxe na doutrina.

Alessandro Shinoda/Folhapress
SO PAULO, SP, BRASIL, 12 - 07 - 2011, 12:44: Da esquerda para a direita, a estudante de histria Natasha Kadayan, 19, o professor de ingls Bruno Marques, 18, e o professor de ingls Flvio Lopes Arantes, 19 durante ritual da religio wika no parque do Ibirapuera. ( Foto: Alessandro Shinoda/Folhapress, FOLHATEEN)***EXCLUSIVO FOLHA***
Natasha, 19, Bruno, 18, e Flávio, 19, fazem ritual no parque Ibirapuera

Pois bem: Prytania não precisou cursar Hogwarts para aprender uns truquezinhos aqui e lá, como fazer parar de chover -ela jura que consegue, mas o céu azul chochou os planos do Folhateen de propor um "test-drive".

Estudante de história, a moça se encontrou com dezenas de bruxos, de todas as idades, no último fim de semana, na sede do grupo Abrawicca, em Brasília. Na mochila, um "kit-wicca" de primeira: caldeirão, cálices e velas. Os objetos, explica, representam energias do universo.

Energia. O professor de inglês Bruno, que prefere ser chamado de "Booh", diz estar aprendendo a moldá-la, como se fluidos da natureza fossem massinha de modelar. Garante que, assim, já descolou emprego para ele e a avó.

Antes, o rapaz era católico fervoroso e coroinha. Mas deixou de se sentir à vontade na igreja. Como quando se descobriu gay e ouviu esta do padre: "Viva sua sexualidade de forma santa! Vire padre!".

Foi por meio de um "SMS espiritual" que ele afirma ter despertado para a bruxaria. "Estava sozinho. Uma voz doce disse apenas: 'Bruno'. Senti na hora que ela [a deusa] estava me chamando."

E Bruno não esconde de ninguém o amor pelo "sagrado feminino", princípio que guia o universo wicca. "Minhas alunas têm medo que eu faça o cabelo delas cair...", diz aos risos. Mais sério, completa: "Se eu quisesse, até poderia...".

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter

Publicidade

  • Carregando...

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página