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Crítica - Comédia

Peça leva Murakami ao palco com altos e baixos

Adaptação teatral de cinco contos do autor japonês entretém, mas investe pouco na densidade dos personagens

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cinco contos do escritor japonês Haruki Murakami ganharam adaptação cênica por Monique Gardenberg e Michele Matalon, que também assinam a direção da peça "O Despertar do Elefante".

O inexplicável ou o absurdo do nosso cotidiano, desvendado pelo cultuado autor, não é sempre traduzido para o palco. Destacam-se o magnífico "Sono" e o hilário "Segundo Ataque.

"O Pássaro de Cordas" abre com um desempregado (Caco Ciocler) que deriva com destreza pelo assédio de três mulheres: a misteriosa sensual (Marjorie Estiano), a mulher mandona (Maria Luisa Mendonça) e a jovem espirituosa (Fernanda de Freitas).

A excelente cenografia (Daniela Thomas e Camila Schmidt), que usa projeções de fotografias e vídeos em telas fixas e móveis para compor os espaços, precisava apurar o ritmo através da iluminação (Maneco Quinderé).

O "Comunicado do Canguru" se prolonga na resposta ao remetente de uma reclamação, gravada em vídeo por um controlador de qualidade (Kiko Macarenhas). Declarando-se apaixonado, seu rosto projetado em duas telas só amplia a impressão de um personagem caricato que não incita empatia.

Ao explorar a relação entre fantasia e rotina, "Sono" é o momento alto da noite. A mulher (ótima: Maria Luisa Mendonça) de um dentista (André Frateschi) foge do vazio de sua existência e se desdobra em Anna Karenina.

Flutuamos entre o apartamento burguês e o palco da trágica heroína com projeções de filmes e ópera.

Segue "Segundo Ataque", farsa repleta de citações da cultura de massa. Como ato terapêutico, um casal saído de uma HQ (hilários: Caco Ciocler e Marjorie Estiano) assalta o "WcDonald".

A notícia sobre "O Desparecimento do Elefante" é introduzida como ótima paródia de telejornais (André Frateschi e Clarissa Kiste como âncoras). Faltava levar o relações-públicas, que espanta a jornalista (Fernanda de Freitas) ao revelar detalhes do sumiço do enorme mamífero (Rafael Primot), mais a sério.

O conjunto dos contos resulta num belo entretenimento que, pontualmente, poderia ter apostado mais na densidade dos personagens.


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