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Companhia encena faroeste na cracolândia

Em "Homem Não Entra", Mel Lisboa faz prostituta assassina estuprada pelo padrasto

DE SÃO PAULO

Um faroeste bem no meio da cracolância --isso sim pode ser chamado de metáfora.

Pois a companhia Pessoal do Faroeste estreia no sábado "Homem Não Entra", espetáculo roteirizado como legítimo western, inclusive com uma cena curta ao ar livre na rua do Triunfo, enfrentando a imagem triste de usuários de crack passando pelo local.

No número 305 daquela via fica a sede que o grupo mantém desde 2012, agora reformada e com duas salas de apresentação. "Homem Não Entra" ocupa a principal delas, uma espécie de corredor, com a plateia bem próxima ao espaço de encenação.

Mel Lisboa e José Roberto Jardim são os protagonistas da trama: a prostituta Brigitte e o pistoleiro Django. Com desfecho folhetinesco, as histórias dos dois se entrelaçam após um homicídio duplo cometido por ela.

O melodrama serve de pretexto para um debate sobre a região da Luz e a degradação daquela rua do Triunfo, que antes mesmo de transformar-se em palco de tráfico e uso de crack ficou conhecida pelo apelido Boca do Lixo.

A história da peça se passa no ano de 1953 e tem como pano de fundo as medidas políticas do então prefeito da cidade, Jânio Quadros (1917-1992), para acabar com a zona de prostituição que havia se instalado no Bom Retiro.

Assim como a bandidagem que circulava pelos bordéis, as prostitutas acabam migrando para a rua do Triunfo, o que, na peça, é debatido como possível gênese da atual situação do bairro.

No texto assinado com Rodrigo Pereira, o dramaturgo e diretor Paulo Faria mantém o mesmo olhar crítico sobre o projeto Nova Luz, proposto pela administração municipal anterior.

O discurso político, no entanto, não perde nunca o fio cômico que o espetáculo propõe, com menção ao western spaghetti do italiano Sergio Corbucci (1927-1990), diretor de "Django" (1966).


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