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Experimentação de Miró ganha mostra

Exposição na Caixa Cultural reúne desenhos, pinturas, gravuras e fotografias do mestre espanhol do surrealismo

Provas de litografias revelam como artista criava uma arquitetura sólida por trás de suas composições abstratas

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Joan Miró só queria quebrar o violão. Numa de suas raras entrevistas, o artista espanhol, morto aos 90, em 1983, resumiu dessa forma a intenção por trás de sua obra.

Ele falava em destruir o que entendia como símbolo máximo do cubismo --os violões que se desdobravam em dezenas de ângulos nas telas de Picasso. Não que ele odiasse o cubismo. Sua crítica era ao fato de essa vanguarda, por inovadora que fosse, ser presa demais ao cânone antropocêntrico do Renascimento.

Em seus desenhos, pinturas e gravuras agora em exposição na Caixa Cultural, Miró, um dos mestres do surrealismo, buscava algo além da presença do homem. São formas universais, signos para valores absolutos que se chocam na superfície do quadro em volteios coloridos.

No meio desses gestos, sínteses sutis de pássaros, cachorros e mulheres, Miró arquitetava uma caligrafia negra de traços que lembram letras do alfabeto japonês, como se tudo não passasse de porta de entrada para um mundo muito além da tela.

"Ele era o paradigma da liberdade, fazia todos os experimentos possíveis", diz Alfredo Melgar, curador da mostra. "Miró sempre trilhou um caminho arriscadíssimo."

Uma parte dessa aventura pode ser vista na mostra nas primeiras provas de suas litografias. São estudos do final de sua vida, já nos anos 1970, em que Miró ensaiava possíveis composições sobre papel, deixando ver seus processos de tentativa e erro, idas e vindas sobre o quadro.

Isso mostra que sua abstração fluida, de signos e seres sintéticos, não tinha nada de acidental. Por trás de tudo, Miró sempre tentava criar uma arquitetura capaz de sustentar seus devaneios.

É também o que ele faz nas intervenções de retratos seus feitos por Melgar. Miró pintava traços coloridos em torno das fotos, onde imaginava deviam estar ondas de energia. E não queria saber de violões.

JOAN MIRÓ
QUANDO abre hoje, às 11h; de ter. a dom., das 9h às 19h; até 20/4
ONDE Caixa Cultural, pça. da Sé, 111, tel. (11) 3321-4400
QUANTO grátis


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