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Bortolotto e Bukowski se fundem no palco

Em "Mulheres", que estreia hoje, dramaturgo dá vazão à forte identificação pessoal com o escritor americano

Peça retrata a vida de um autor que conquista sucesso na profissão e com as mulheres, mas mergulha na solidão

Lenise Pinheiro/Folhapres
Mário Bortolotto (ao centro) com o elenco da peça "Mulheres", que estreia hoje no Teatro Cemitério de Automóveis
Mário Bortolotto (ao centro) com o elenco da peça "Mulheres", que estreia hoje no Teatro Cemitério de Automóveis
GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para Mário Bortolotto, atuar é encontrar um discurso próprio por meio da fala de um personagem.

Em "Mulheres", sua adaptação para o livro homônimo de Charles Bukowski (1920-1994), que estreia hoje, a identificação com o protagonista é tão explícita que o artista chega a se confundir com o papel que interpreta.

Os escritores norte-americanos Jack Kerouac (1922-1969) e Bukowski são referência na vida de Bortolotto. São também influências assumidas nos 30 anos de trabalho de seu grupo Cemitério de Automóveis, pelos personagens tão marginais quanto boêmios e pelos diálogos diretos e enxutos.

"Encontrei neles uma família", diz à Folha o ator, autor e diretor de 50 anos.
Aos 17 anos, após ser expulso do seminário, os dias de Bortolotto se dividiam entre partidas de futebol, noitadas em bares e tardes inteiras de leituras na biblioteca de Londrina, cidade onde nasceu.

Após se debruçar sobre a obra completa de Ernest Hemingway (1899-1961) e Henry Miller (1891-1980), entre outros escritores, Bortolotto descobriu Kerouac e Bukowski.

"Me surpreendi ao perceber que mesmo sem saber eles já eram uma influência para mim, e também que passava os dias como eles, escrevendo, bebendo e muitas vezes passando fome", conta.

Em "Kerouac", solo de 2006 dirigido por Fauzi Arap, Bortolotto já interpretou o escritor. Bukowski havia sido homenageado por ele em outo espetáculo, "Feliz Natal, Charles Bukowski", de 2003.

VAZIO EXISTENCIAL

A possibilidade de interpretá-lo surgiu agora com "Mulheres", peça dirigida por Fernanda D'Umbra, parceira de Bortolotto no Cemitério de Automóveis de 1997 a 2007.

Danielle Cabral, produtora e uma das nove intérpretes do espetáculo, adquiriu os direitos de "Mulheres" e resolveu convidar Bortolotto para protagonizar a montagem, além de realizar sua adaptação teatral.

"Nunca tinha montado nada de Bukowski simplesmente por imaginar que seria inviável financeiramente", conta Bortolotto.

Henry Chinaski, o protagonista de "Mulheres", é alter ego de seu criador.

"Na verdade é o próprio Bukowski. Na obra dele, ficção e biografia se confundem", explica Bortolotto.

A trama retrata a virada na vida de Henry Chinaski, escritor que ganha fama aos 54 anos. Com o sucesso inesperado, as mulheres começam a aparecer em sua vida.

O excesso de opção sexual, contudo, se revela mais complicado do que a escassez e evidencia um vazio existencial ainda mais sofrido.

"Muito mais do que uma história de aventuras sexuais, 'Mulheres' é um tratado sobre a solidão do homem", acredita Bortolotto.

MULHERES
QUANDO qua. a sáb., às 21h30; dom., às 20h30; até 10/2
ONDE Teatro Cemitério de Automóveis (r. Frei Caneca, 384; tel. 0/xx/11/2371-5783)
QUANTO contribuição voluntária
CLASSIFICAÇÃO 16 anos


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