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Crítica - Drama

"A Caça" é hábil em perverter o esquematismo de nossas crenças

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

O tema do falso culpado sempre deu ao cinema elementos sugestivos para narrar histórias de angústia, nas quais mentira e verdade são postas à prova.

"A Caça", título desnecessariamente simbólico no novo filme do dinamarquês Thomas Vinterberg, transmite sua mensagem por meio de nossa simpatia espontânea pela figura do inocente transformado em bode expiatório.

O espetacular Mads Mikkelsen, premiado como melhor ator em Cannes, interpreta Lucas, professor adorado pelas crianças e admirado pela comunidade.

Os desejos da pequena Klara, estimulados por uma exposição precoce da garotinha a uma imagem pornográfica, colocam o instrutor no lugar de acusado de pedofilia.

As reações sociais, que passam do estupor ao repúdio e logo alcançam a violência, são o foco da direção. Nelas, a progressão dramática casa-se com a necessidade de interpretar a história numa perspectiva moralizante.

O estilo enfático do diretor insiste mais que o necessário em retratar os guardiões como uma ameaça à verdade.

O filme recupera a ambiguidade nos momentos em que mostra a suposta inocência da infância como uma estratégia mais irresistível de sedução.

Mesmo depois de recuperada, a inocência dos adultos permanece como algo precário. Quando pende para este lado, "A Caça" deixa de ser um libelo moralista simplório e mostra-se hábil em perverter o esquematismo das nossas crenças.


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