São Paulo, terça, 25 de Maio de 1999 | ||
24 - FHC: "Ajuda, né? (risos) Para quem tá na miséria..." Dia 28 de julho, véspera do leilão. Mendonça de Barros telefona para FHC para dar uma posição sobre a situação. Os dois riem ao comentar como a imprensa tem sido favorável. "Estão exagerando, até", diz FHC. O ministro diz que o leilão pode atingir R$ 16 bilhões. FHC gosta, e responde: "Ajuda, né? (risos) Para quem tá na miséria..." Fernando Henrique Cardoso - Alô? Luiz Carlos Mendonça de Barros - Presidente? FHC - E você, tá bem? Mendonça - Tudo bem. Tô com o André aqui. FHC - Ah, é? Mendonça - É. FHC - Esse é um senhor feliz, esse André. Vive na Europa. Mendonça - (risos) Nós tivemos, inclusive o MST invadiu ... FHC - Eu soube, eu soube. Mendonça - Mas foi uma negociação... A vantagem do BNDES é que nós temos velhos partidões aqui. Desceram lá, negociaram. Olha, isso aí foi ótimo. Não, nós estamos aqui, praticamente acho com o quadro fechado. FHC - Sei. Mendonça - Quer dizer, tem uma notícia ruim que a BellSouth não vai entrar. FHC - Eu já sabia. O... como é que chama? O rapaz me telefonou, ontem. Mendonça - É, porque eles estavam querendo mais tempo. Mas aquela nossa conversa. Mas, aí fica com medo de desarmar o resto. FHC - É, não.... Mendonça - ...Agora,boa notícia é que a MCI vai entrar na Embratel, ‘tá? FHC - ‘Tá ótimo, ótimo. Mendonça - Que é uma empresa grande. ‘Tá entrando com os espanhóis e com isso cria competição na Embratel. FHC - Muito bom. Mendonça - E nós estamos com um consórcio também pra Telemar. FHC - Sei. Mendonça - Então é capaz de as fixas saírem em torno do preço mínimo, ‘tá?. E a Embratel vai ter competição. E vai ter uma competição grande nas celulares. FHC - Sei. E, mas, mesmo a Telesp sai com o preço mínimo? Mendonça - Sai, porque é a BellSouth era quem, quem seria a contraparte lá. A não ser que haja alguma novidade, quer dizer, no fundo é o que a gente já sabia: os espanhóis ficam com o Sul, a Itália com o "O Globo" com São Paulo, e o Opportunity com os italianos e com os fundos na Telemar. FHC - Sei. Mendonça - Na Embratel tem o grupo do Opportunity, mais a Sprint americana com os fundos. E tem o grupo que nós achamos que seria melhor ganhar que seria a MCI com a Telefônica, porque é uma empresa americana grande, que fatura mais que o dobro do que a Telebrás toda. E, no celular, sim. Nesse aí vai ser uma briga de foice. FHC - Você acha que no conjunto vai dar o quê? Mendonça - Vai dar uns 16 bi, acho. FHC - Sei. Mendonça - Que é um pouco o que eu tinha dito. Nosso preço mínimo é R$ 13,400 bilhões, né? E nós chegaríamos a uns 16 bi, que é muito dinheiro. FHC - Ajuda, né? (risos) Para quem tá na miséria... Mendonça de Barros - Mais, mais do que isso a gente fica com empresas... FHC - ...Sólidas. Mendonça - Sólidas. Porque nós... Tem aí um monte de loucura aí que nós bombardeamos aí porque também não adianta... FHC - Não adianta fazer... Mendonça - ...Não adianta criar competição, e depois criar problema para a frente. FHC - Não. Tem que ter coisa que funcione depois, que atenda a população, né? Mendonça - Mas, então. Eu acho que vai ser... Se a BellSouth entrasse, aí embaralhava tudo isso. Porque ela ia disputar São Paulo... FHC - ...Pois é. Mendonça - Ia levantar o preço de São Paulo. Se ela ganhasse, expulsava os italianos para outro lugar. Mas... FHC - Pois é. Mas, o..., como é que chama lá o...? O Safra me telefonou ontem, do Canadá, de onde ele está, dizendo isso, que não ia. Que a BellSouth queria, que precisava de mais tempo... Mendonça - É, foi aquela nossa conversa. Quer dizer, mas aí... FHC - ...O Safra mesmo achando que a BellSouth não estava certa. Mendonça - Não, o que eu... A decisão que nós tomamos foi isso. Eles pediram duas semanas, mas não davam certeza de que em duas semanas podiam ter uma decisão. Aí, não adiantava. FHC - Não, vamos só nos desmoralizar. Mendonça - É FHC - E as ações? Mendonça - Bom, as ações... pipocaram um monte de ações agora, né? FHC - Sei. Mendonça - Mas... vai dar um trabalhinho a mais, mas não vejo problema algum. Não tem nada de substância. FHC - Sei. Mendonça - E, no fundo, a imprensa está muito favorável, os editoriais, tudo. FHC - Está demais, né? Mendonça - Demais, então isso cria... FHC - ...Estão exagerando, até... (risos). Mendonça - (risos) Não, mas foi, foi uma catarse em termos de ... Não sei se o sr. leu no "Estadão" de hoje dizendo que o sucesso do leilão para eles é o fato de o governo ter tido coragem de manter, mesmo com a pressão, com esse negócio todo, né? FHC - É. Mendonça - Eu acho que na somatória de tudo vai dar bom, considerando todos os aspectos, ‘tá? FHC - Então, ‘tá bom. Mendonça - Eu estou indo pra Brasília agora... FHC - Sei. Mendonça - Porque eu acho que as coisas estão todas arrumadas. Eu vou deixar com o dr. André aqui a incumbência de fechar... FHC - O comando, aí. Mendonça - E, amanhã, eu vou ficar o dia inteiro em Brasília para, junto com o Quintão, ver essa parte legal, né? FHC - Tá bem. E amanhã, depois do final, você passa aqui. Mendonça - Isso, aqui. FHC - Tá ótimo. Mendonça - Tá bom? FHC - Tá bom. Mendonça - O.K. FHC - Tá bom. Dá um abraço aí no André. Obrigado, tchau.
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