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Estratégia de
espanhóis muda leilão em São Paulo
em São Paulo
Por que o consórcio do Banco Opportunity associado à empresa
italiana Stet não conseguiu comprar a Tele Norte Leste se, como
mostram as fitas, até o presidente Fernando Henrique Cardoso se
empenhou para que ele vencesse o leilão?
A resposta é um segredo guardado a sete chaves pelo espanhol Juan
Villalonga, presidente da Telefónica de España, até
o momento em que começaram a ser abertos os envelopes com as propostas
dos consórcios.
Tidos como favoritos para o leilão da Tele Centro Sul, os espanhóis,
para surpresa geral, compraram a Telesp e mudaram o rumo do maior leilão
de privatização já realizado no país.
Até o início do leilão _às 10h de 29 de julho
de 1998_, governo, empresários e especialistas do mercado tinham
como certo que a Telesp seria comprada pelo consórcio formado por
Organizações Globo, Bradesco e Telecom Italia.
Os espanhóis já controlavam a companhia telefônica
do Rio Grande do Sul, a CRT _em sociedade com o grupo de comunicação
gaúcho RBS (Rede Brasil Sul, da família Sirotstky), e por
isso se esperava que fossem apostar todas as fichas na Tele Centro Sul,
que cobre Paraná, Santa Catarina e todo o Centro-Oeste.
Com uma área de concessão do tamanho da Europa _16 Estados
(do Rio de Janeiro ao Amazonas) com população de 86 milhões
de habitantes_, a Tele Norte Leste era uma incógnita.
O BNDES, gestor do processo de privatização, e o ministro
das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros,
diziam temer pela falta de interessados na empresa e trabalhavam nos bastidores
para assegurar a vitória do consórcio do Banco Opportunity.
O leilão começou pelas empresas de telefonia fixa: Embratel,
Telesp, Tele Centro Sul e Tele Norte Leste, nesta ordem.
As propostas para as quatro empresas foram entregues de uma só
vez, e o consórcio que comprasse uma delas era automaticamente
excluído do leilão das demais.
Os espanhóis entregaram envelopes para a Telesp e para a Tele Centro
Sul. Os italianos apresentaram proposta para a Telesp, a Tele Centro Sul
e a Tele Norte Leste.
O terceiro concorrente no leilão foi o consórcio Telemar,
que só apresentou proposta para a Tele Norte Leste e era considerado
o azarão da disputa.
Para surpresa até da família Sirotsky _que desconhecia a
real estratégia dos espanhóis para o leilão_, a Telefónica
de España ofereceu R¹ 5,78 bilhões pela Telesp: R$
1,8 bilhão acima da proposta do consórcio de Telecom Italia,
Globo e Bradesco.
Com a vitória dos espanhóis na Telesp, os italianos ficaram
sozinhos no leilão da Tele Centro Sul e foram declarados vencedores.
Por conseguinte, foram eliminados do leilão da Tele Norte Leste.
Foi desse modo que o consórcio Telemar ficou sem adversários
no leilão da Tele Norte Leste e acabou comprando o controle da
empresa com apenas 1% de ágio.
O Sistema Telebrás _que era composto de 27 subsidiárias_
foi aglutinado em 12 empresas para a privatização: oito
operadoras de telefonia celular, três de telefonia fixa (Telesp,
Tele Centro Sul e Tele Norte Leste) e a Embratel.
O governo arrecadou R¹ 22,057 bilhões com a venda das telefônicas.
(ELVIRA LOBATO)
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