São Paulo, terça, 25 de Maio de 1999
Três ministros agem para mudar consórcio
Estratégia de espanhóis muda leilão em São Paulo
Saiba como foram obtidas as fitas
Oferta do Opportunity foi de R$ 5,1 bi  
FonteCindam queria US$ 46 milhões
BNDES até pensou em burlar edital
Conheça os possíveis crimes
Leilão das teles rendeu R$ 22 bi
Conheça os envolvidos no grampo
A legislação envolvida
Como ouvir os arquivos em RealAudio
Leia as reportagens anteriores da Folha

Ouça esta gravação

 

27 - André Lara: "Se a gente usar a bomba atômica presidencial..."

Luiz Carlos Mendonça de Barros telefona para André Lara Resende na presidência do BNDES. O ministro já está em Brasília. André, no Rio. É o fim do dia 28 de julho, véspera do leilão de privatização.

Falam novamente da "bomba atômica presidencial", que se for usada será um "ônus complicado". Combinam enganar a Previ a noite inteira quanto ao preço de proposta de compra da Telemar.

Luiz Carlos Mendonça de Barros - Alô?

André Lara Resende - Alô.

Mendonça - Oi?

André - Estive aqui com o Pérsio aqui. Ele acha exatamente isso.

Mendonça - Então tem um jeito só de eles combinarem um, um ágio lá com o Banco do Brasil...

André - (risos) Isso nós falamos.

Mendonça - É?

André - É. Aí, é o seguinte. Mas ele disse: "E se eles limitarem?". Eu disse não, o negócio é o seguinte: vocês primeiro "donwplaya" a noite inteira, para combinar lá embaixo. E, depois, o seguinte: desrespeita a autorização, abuso de poder (risos), se for o caso, e depois nós bancamos.

Mendonça - Não, é lógico, pô.

André - Tá?

Mendonça - Lógico.

André - Então, ele disse, não, tudo bem, porque nós temos certeza. Já aconteceu um caso igualzinho. Ele veio aqui para falar isso.

Mendonça - Então, combina. Discute primeiro um número mais embaixo. E, na última hora...

André - Exatamente. Na última hora, sobe.

Mendonça - É isso aí.

André - E eu falei para ele: concentra nisso. Esquece lá o outro, tá? E, agora, porque eu acho o seguinte: se a gente usar a bomba atômica presidencial, a gente vai ter um ônus complicado.

Mendonça - Eu sei, eu sei. Por isso que eu estou dizendo... Agora, de qualquer maneira, vamos pensar amanhã cedo, se precisar...

André - ...Se precisar a gente vai...

Mendonça - Para esperto, esperto e meio.

André - Exatamente. Mas, vamos ficar com isso guardado, e...

Mendonça - E depois, é preferível que depois eu ligue para o Previ e fale: "Olha, meu filho, infelizmente, nós fizemos isso porque tinha esse risco aqui..."

André - Exatamente.

Mendonça - Começa a falar num número mais baixo.

André - Falei com ele para falar o tempo todo em um número bem baixo, conservador, seguro e tal. E eles estão, como eles estão com uma fiança grande a alta... eles podem até ir alto.

Mendonça - Sei.

André - Tá? Então, tá andando.

Mendonça - Tá bom. E a Sprint?

André - A Sprint é o seguinte: nós estamos agora fazendo corpo mole, perfeito?

Mendonça - Sei, sei...

André - ...E o que interessa é que achem, todo mundo, e não se saiba que eles não vão "bidar". Se no final não "bidarem", não incomoda. Até o final tá como se fosse: vai rolar.

Mendonça - Tá bom.

André - Tá bom?

Mendonça - Tá bom.

André - Então, tá.

Mendonça - Tchau.

André - Um abraço.


Índice das gravações



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.