São Paulo, terça, 25 de Maio de 1999
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4 - José Roberto liga para Mendonça de Barros

José Roberto Mendonça de Barros liga para seu irmão, ministro Luiz Carlos, que está no BNDES. É o dia 28 de julho, véspera do leilão das teles. Naquele dia, de manhã, a sede do BNDES no Rio havia sido invadida por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

José Roberto e Mendonça de Barros ironizam Celso Bandeira de Mello e os consórcios "borocoxôs". Nessa conversa, o ministro afirma que o BNDES é o responsável pela montagem dos consórcios.

José Roberto Mendonça de Barros - Oi?

Luiz Carlos Mendonça de Barros - Oi.

José Roberto - Tudo bem?

Mendonça - Tudo bom.

José Roberto - Muita emoção aí, não?

Mendonça - Estamos aqui arrumando as coisas, mas acho que vai bem.

José Roberto - E a invasão, não deu Ibope?

Mendonça - Não, negociamos aqui com os caras.

José Roberto - Mas eles.

Mendonça - Sabe o que é, Beto, é engraçado, as coisas aí em Brasília ganham uma conotação completamente diferente do que aqui. Entrou aqui um grupo de 80, 90 pessoas do MST. E aí nós temos aqui nossos comunistas, o Sérgio, que servem.

José Roberto - Comandados pelo Sérgio Besserman?

Mendonça - Não, o Sérgio Besserman está de férias. Um que tem que quis que foi lá, conversou com os caras. Aí fizeram um manifesto, assinou o manifesto e saíram calmamente, sem problemas.

José Roberto - Mas na hora em que entrou o MST no BNDES, contra a privatização da Telebrás, acabou o...

Mendonça - O negócio é o seguinte: o BNDES tem um presidente que é muito próximo das lutas populares (risos). Então, a única exigência é que o presidente descesse lá pra falar com eles. Aí o André foi lá, fez um "speech" e tudo bem.

José Roberto - Fez um "speech"? Ah, eu quero uma foto.

Mendonça - Não, não fez. Você acha que o André aceita? Fez o nosso comunista que subiu lá no negócio.

José Roberto - Agora, você percebeu que parece ficou perigoso, né, porque Bandeira de Mello entrou com uma ação em Campinas.

Mendonça - É, esse é um babaca.

José Roberto - Agora fodeu, né?

Mendonça - Agora fodeu, porque isso realmente é... a carola agora vai ficar tranquila, né?

José Roberto - Que babaca que é esse cara, né? Entrou em Campinas, pô.

Mendonça - É por causa lá do... do...

José Roberto - Deve ter entrado com aquela arrogância dele, né, de que o homem não pode ser elegível e esse negócio todo. Mas eu dei muita risada quando eu vi que o Bandeira de Mello entrou em Campinas. Sabe, agora acabou. Agora pode ir pra casa...

Mendonça - Agora operacionalmente, é um operação de levanta o consórcio e depois dá uma rasteira, joga ele lá em baixo, olha está muito engraçado.

José Roberto - Essa frase sua é antológica: "Todo mundo mente, inclusive eu" (risos). E o nosso governador do Pernambuco, ele não tem nenhuma ligação, né, entre o que ele está pedindo e o...

Mendonça - Ele mandou uma carta pra mim, um papel que mostra...

José Roberto - Ah é?

Mendonça - Eu vou responder a ele.

José Roberto - Xingando?

Mendonça - Não, fino, né?

José Roberto - Ele é malandro velho, né?

Mendonça - Você viu que a Dora Kramer...

José Roberto - Deu uma porrada.

Mendonça - Isso é uma coisa, são movimentos políticos (...)

José Roberto - A doutora (Stela) Palombo está falando no fundo, não?

Mendonça - Não, é a Silvia que está aqui. Eu tenho uma boa notícia: a MCI vai entrar.

José Roberto - Ah, é?

Mendonça - É. Tanto que agora nós estamos aqui nessa gangorra, nós estamos agora derrubando um pouco o outro consórcio que é mais fraco (risos). Sabe por que, Beto? Você controla o dinheiro.

José Roberto - Mas claro.

Mendonça - Pois é. O consórcio é feito aqui, pô. Evidentemente, a MCI, como é grande, independe. Ela vai entrar junto com a Telefônica. Então, não precisa de dinheiro do governo. Mas esses consórcios borocochôs que estão sendo formados é tudo aqui. O Pio uma hora levanta, manda uma carta (risos), espero que no final dê tudo certo, viu?

José Roberto - Vai dar.

Mendonça - Tá bom.

José Roberto - A gente se vê hoje à noite?

Mendonça - Eu estou indo às sete horas.



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