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Carreiras e Empregos

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Novos tempos, velhos dilemas

Mães executivas adiam maternidade e abrem mão de cargos para tentar ter tudo

ISABEL KOPSCHITZ DE SÃO PAULO

Maria Isabel Arieta, 52, executiva da multinacional farmacêutica AstraZeneca, teve seu filho aos 40 anos --ela diz que sua geração queria promover muitas mudanças, o que fez com que a maternidade fosse deixada para mais tarde. Hoje, diz, as mães são cobradas em dose dupla.

"Antes, éramos cobradas para sermos boas mães. Hoje, somos cobradas para sermos boas profissionais e boas mães", afirma.

Para Tatiana Charpinel, doutora em psicologia pela PUC-Rio, que estuda os desafios enfrentados pelas mães no mercado de trabalho, grande parte do sofrimento das altas executivas vem do fato de hoje "querermos ter tudo", algo que não é possível. "É preciso saber escolher e arcar com o ônus disso."

Especialistas dizem, porém, que não é uma questão de abrir mão de trabalhar ou de ser mãe, mas, sim, de ter consciência de que é muito difícil obter uma performance perfeita nas duas tarefas simultaneamente.

"Talvez você não seja 100% em nenhuma das coisas: às vezes é mais mãe e menos profissional e vice-versa. Você tem que estar bem com isso", afirma a gerente de comunicação do LinkedIn para a América Latina, Fernanda Brunsizian, 40.

Há seis anos, ao retornar da licença-maternidade, ela optou por deixar a empresa em que trabalhava por não aceitar uma mudança de país poucos meses após dar à luz.

Na concepção de Iris Newalu, diretora de educação executiva para mulheres da faculdade Smith, nos Estados Unidos, as "baby boomers" (nascidas entre 1945 e 1964), quando jovens, tiveram menos suporte do mundo corporativo para exercer os dois papéis --as empresas não ofereciam apoios como horários flexíveis, trabalho remoto ou creches e escolas infantis.

Em relação à década de 1990, o panorama melhorou nesse aspecto hoje, diz ela, mas a tecnologia, com os smartphones e tablets permitindo que se trabalhe de qualquer lugar, faz com que as mulheres fiquem "mais atadas ao trabalho".

"É preciso traçar uma fronteira entre o emprego e a vida pessoal, o que significa saber dizer não", afirma.

Especialistas dizem que a polêmica tese defendida por Sheryl Sandberg, 44, diretora de operações do Facebook, segundo a qual uma das principais decisões de carreira de uma mulher é com quem ela se casa, tem se mostrado realista ainda hoje.

"A palavra-chave é planejamento, que deve ser feito em conjunto com o companheiro, para que a agenda de compromissos com os filhos seja partilhada", afirma a consultora Ylana Miller, professora do Ibmec.


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