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Palestras vazias

As pessoas saem muito insatisfeitas de programas de treinamento: há descrédito no que está sendo dito

Se a vida é realmente um teatro, como afirmava William Shakespeare, viva os cínicos! Fatos recentes me fizeram pensar sobre as razões pelas quais as pessoas saem tão insatisfeitas de palestras e programas de treinamentos. Os comentários que ouço, sempre em pequenos grupos, são de descrédito no que está sendo dito. Leva-se pouco aprendizado para casa.

Erving Gofman, em seu livro "A Representação do Eu na Vida Cotidiana" (editora Vozes), chama o ator social, que todos somos, de cínico quando ele não crê em sua própria atuação e não se interessa pelo seu próprio público. Quando há desconexão entre o que ele pensa, vive e sente.

Percebo que os discursos são recheados de clichês e palavras da moda, entre as que não podem faltar "sustentável", "inovador", "transformador", "eficaz", "criativo", "novo" e "liderança". Essa última, então, vem acompanhada de todos os adjetivos que a elevam ao patamar de impraticável, inatingível e irreal. Poderia fazer uma lista enorme de tais palavras que deixam as oratórias bonitas, mas vazias de sentido.

Uma fala entremeada com essa avalanche de vocabulário "modístico" e desconectada da realidade gera muito mais descrédito do que o efeito esperado por quem está falando: o entusiasmo e a motivação da plateia.

Os discursos de palavras vazias são frequentes. Chego a duvidar de que o palestrante, já profissional nessa arte, ainda tenha alguma conexão emocional com aquela apresentação decorada que saca da prateleira para uma nova "performance".

As palestras ainda compõem grande parte das ações de capacitação e desenvolvimento profissional, mas reavaliar esse modelo é necessário. Desenvolver e selecionar profissionais que tragam melhores conteúdos e, principalmente, que se deem ao trabalho de se adequar e se alinhar aos objetivos e à realidade da empresa.

Creio que, para envolver e convencer a audiência, está faltando convicção, verdade e espontaneidade, um toque de genuíno. O pior é a perda tempo em tais eventos sem que haja retorno, uma vez que um dos bens mais preciosos que temos é o nosso tempo.


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