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Projeto em consulta pública quer modernizar pesquisa brasileira na Antártida
DE SÃO PAULOA ciência do Brasil na Antártida deverá passar por um processo de remodelação mais profundo do que as mudanças que serão realizadas em Comandante Ferraz.
Com a chancela do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, os maiores especialistas do país elaboraram um plano de ação para modernizar e racionalizar as pesquisas do país na região.
Ao longo dos 30 anos de existência do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), as verbas e a atenção destinadas aos projetos científicos tiveram altos e baixos, especialmente por conta de políticas governamentais.
O objetivo do plano, que está em fase de consulta pública antes de passar pelo crivo do ministério, é sobretudo integrar e modernizar as atividades de pesquisa, aumentando a destinação de recursos e colocando o país em uma posição de protagonismo na ciência antártica.
Pesquisas em alta na academia, como os chamados testemunhos de gelo -que conseguem obter informações sobre a atmosfera e o ambiente de milhares de anos atrás-, aparecem com destaque no plano.
Relator do projeto, o glaciologista Jefferson Simões, diretor do Centro Polar e Climático da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), ressalta que é preciso difundir a importância estratégica que os estudos da região têm para o Brasil.
"A Antártida tem relação com o clima do Brasil, com a biologia, com vários assuntos que fazem parte do dia a dia, inclusive com o pré-sal. É preciso mostrar essa relevância", diz ele.
O plano de ação pretende incentivar o uso das outras ferramentas de estudo de que o Brasil dispõe na Antártida, além da estação: dois navios de pesquisa, o Ary Rongel e o Almirante Maximiano, e o módulo de pesquisa Criosfera 1, a 2.500 km da base.
Os cientistas também querem investir na formação de pesquisadores na área, além de garantir a integração desses profissionais às atividades de ensino e pesquisa.
No entanto, para que o plano possa sair do papel e atingir todos esses objetivos, será preciso ampliar os investimentos na região.
Com média de investimento de R$ 7,3 milhões por ano -sem incluir os gastos logísticos-, o Brasil só fica à frente da África do Sul, considerando o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em relação à verba para a Antártida.
A Rússia, que lidera, investe diretamente em ciência cerca de US$ 13 milhões (R$ 23 milhões) anuais.