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Nobel premia 'serviço de entrega' celular
Três cientistas ganham prêmio de medicina por elucidarem mecanismo de transporte de substâncias em 'bolhas'
Thomas Südhof, da Alemanha, Randy Schekman e James Rothman, dos EUA, vão dividir US$ 1,2 milhão
Três cientistas que desvendaram o mecanismo por trás do transporte de substâncias, de hormônios a neurotransmissores, dentro das células foram laureados ontem com o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina de 2013.
Os americanos Randy Schekman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e James Rothman, da Universidade Yale, dividiram o prêmio de US$ 1,2 milhão com o alemão Thomas Südhof, da Universidade Stanford, da Califórnia. Eles trabalham separadamente, mas têm linhas de pesquisa complementares.
A comissão encarregada da premiação, ligada ao Instituto Karolinska, de Estocolmo, disse que os estudos dos três pesquisadores foram essenciais para elucidar os mecanismos fisiológicos de diversas doenças, como diabetes e transtornos imunológicos.
Cada célula produz e exporta moléculas com diferentes funções, que são transportadas em pequenas bolhas chamadas vesículas (a insulina, por exemplo, é produzida em células do pâncreas e secretada no sangue).
"Os três pesquisadores descobriram os princípios moleculares que governam o modo como a carga celular' é enviada para o lugar certo, na hora certa", disse a comissão, em comunicado.
Schekman começou a estudar nos anos 1970 os genes envolvidos no transporte intracelular. Comparando células de leveduras normais com células com mutações genéticas ele identificou três categorias de genes que controlam o tráfego de vesículas até a superfície da célula.
Rothman descobriu, nos anos 1980 e 1990, que algumas proteínas permitem que as vesículas se conectem com membranas específicas (as "membranas-alvo"), fazendo as moléculas serem enviadas para os lugares certos.
Südhof, nos anos 1990, revelou, a partir da análise de células nervosas, o mecanismo que faz com que as vesículas liberem seus conteúdos na hora certa. "Perturbações nesse sistema têm efeitos deletérios e contribuem para o desenvolvimento de doenças neurológicas, diabetes e distúrbios imunológicos", acrescenta a nota do instituto.
Segundo Lício Velloso, professor de medicina da Unicamp, as descobertas contribuíram para o desenvolvimento de novos fármacos.
"Praticamente todos os tipos de hormônios e neurotransmissores, quando são produzidos na célula, são liberados por mecanismos descritos pelos ganhadores do Nobel", diz. "Muitos medicamentos para depressão, que regulam níveis do neurotransmissor serotonina, por exemplo, foram produzidos graças a essas descobertas."