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Meu primeiro telescópio

Saiba como escolher o aparelho para iniciantes, aproveitando que o Ison, que já foi apelidado de cometa do século, está a caminho

SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São raras as pessoas que não gostam de olhar para o céu à noite. Uma motivação para dar o próximo passo e comprar um telescópio é a iminente passagem do cometa Ison, que está a caminho de sua máxima aproximação do Sol em 28 de novembro e deve aumentar de brilho nas próximas semanas.

Embora o comportamento do Ison ainda seja incerto, quem se arrisca a comprar um telescópio e se esforça para dominá-lo ganha como prêmio a oportunidade de ver coisas que estiveram escondidas dos olhos da humanidade durante a maior parte de sua existência.

Uma lista do que Galileu Galilei conseguiu descobrir em 1610, ao apontar sua recém-construída luneta com aumento de apenas 30 vezes para o céu, é de encorajar.

Ele observou, por exemplo, que Vênus tinha fases, como as da Lua, que nosso satélite natural era cheio de crateras e que Saturno tinha um formato bizarro, como se tivesse duas orelhas (mais tarde outros descobriram que eram os famosos anéis).

Tudo isso --e muito mais-- se torna acessível a quem tem um telescópio. Contudo, talvez também seja melhor começar por algo modesto.

"O item inicial na vida de um observador iniciante é um bom binóculo", afirma o astrônomo amador Denis Zoqbi, radialista e presidente do Casp (Clube de Astronomia de São Paulo).

Outro instrumento de apoio importante é o planisfério celeste --um "mapa" das estrelas. A cada época do ano, um dado conjunto de estrelas está visível durante a noite, e isso também varia de acordo com a posição do observador no globo terrestre.

"Pode-se usar programas gratuitos de computador, baixados da internet", afirma Zoqbi, recomendando o Stellarium (www.stellarium.org/pt/), que projeta mapas do céu realistas.

Uma vez familiarizado com o céu, o aspirante a astrônomo amador começa a correr atrás do seu telescópio.

Os já iniciados costumam recomendar compras ligadas a marcas estrangeiras já consagradas, como Vixen, Celestron e SkyWatcher, que têm representantes no país.

Para os telescópios, há duas opções básicas: os refratores (lunetas ao estilo de Galileu, com lentes) e os refletores (que usam espelhos). Os primeiros são mais fáceis de lidar, mas os últimos são mais poderosos.

"Um refrator de 900 mm de distância focal e 60 mm de abertura é mais do que a maioria das pessoas vai precisar na vida", comenta Cassio Leandro Barbosa, astrônomo que coordena o Observatório da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).

REALISMO

Embora muita coisa possa ser observada por telescópios de fundo de quintal, o astrônomo profissional faz dois alertas. Em primeiro lugar, não adianta o instrumento ser bom se o céu é ruim.

"Se a pessoa mora em São Paulo, não vai adiantar nada ter um telescópio de 30 cm. A poluição luminosa vai apagar objetos menos brilhantes", afirma Barbosa.

O caso do cometa Ison é emblemático. "Eu acredito que, por enquanto, ninguém vai vê-lo dentro de cidades grandes", diz o astrônomo.

O segundo ponto importante é que ninguém pode comprar um telescópio esperando ver cenas como as captadas pelos observatórios terrestres profissionais.

Telescópios domésticos podem dar boas imagens de algumas nebulosas, como a de Órion, ou de aglomerados de estrelas, mas a grande vedete serão os planetas e a Lua.

E um aspecto curioso: a melhor época para observar é o inverno. "No verão, olhamos para fora' da galáxia", afirma Barbosa. "No inverno, estamos de frente para o plano dela, cheio de objetos para apontar."


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