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Desmatamento na Amazônia volta a crescer

Após quatro anos em queda, devastação aumenta 28% entre julho de 2012 e agosto de 2013 em relação ao período anterior

Apesar da elevação, área desmatada é a segunda menor em mais de 20 anos, perdendo só para 2012

JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA GIULIANA MIRANDA ENVIADA ESPECIAL A VARSÓVIA

Depois de quatro anos em queda, o desmatamento na Amazônia voltou a subir. Números preliminares do monitoramento da floresta divulgados ontem pelo Ministério do Meio Ambiente apontam alta de 28% no corte raso de árvores entre agosto de 2012 e julho de 2013 em relação aos 12 meses anteriores.

Apesar do crescimento, o resultado do Prodes (Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites) indica que a área desmatada (5.843 km2) é a segunda menor em mais de vinte anos, atrás apenas da divulgada em 2012 (4.571 km2).

O número do ano passado representou uma queda de 29% em relação ao dado de 2011 e foi a menor taxa de devastação desde o início do monitoramento feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em 1988.

Em entrevista coletiva, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, classificou a taxa de desmatamento de "inaceitável" e afirmou que não há corte de investimento na fiscalização.

Segundo ela, 4.000 processos criminais foram abertos pelo Ibama no período avaliado pelo Prodes 2013.

Izabella também disse que voltará mais cedo da conferência do clima --que ocorre em Varsóvia, na Polônia, para onde viaja na segunda--, para uma reunião com os secretários estaduais do meio ambiente da Amazônia.

O governo quer verificar os dados do desmatamento permitido pelos Estados, frente ao total do Prodes, e questionar sobre o uso do solo.

Sem nomear responsáveis, a ministra fez críticas a gestores da região. "Como que não vê que está desmatando mil hectares? É preciso que eu saia daqui para ver?"

CAMPEÕES

Pará e Mato Grosso lideram entre os Estados com maior área devastada, com 2.379 km2 e 1.149 km2.

Segundo a ministra, o perfil do desmate no Mato Grosso é de áreas de tamanho médio (100 a 300 hectares), em propriedades privadas, o que indica a expansão da área agrícola para cultivo da soja.

Já no Pará houve a volta de grandes áreas desmatadas (acima de mil hectares), predominantemente em torno da BR-163, que podem indicar a grilagem para especulação.

A presença desses polígonos grandes, que não apareciam nas últimas medições, foi classificada pela ministra como a segunda "má notícia", para além do aumento na devastação.

ONGs ambientalistas estão atribuindo a alta ao Código Florestal, sancionado em 2012. Para os ativistas, as leis aprovadas foram um retrocesso, ao reduzir áreas protegidas e anistiar o desmate em certos casos.

"A mensagem que o Código Florestal passa para os desmatadores é clara: pode desmatar que em Brasília a gente garante vocês", afirma Márcio Astrini, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace.

A ministra negou essa conexão e afirmou que, quando o código anterior estava vigente, as taxas de desmatamento eram maiores.

Segundo Heron Martins, pesquisador da ONG Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), as obras de infraestrutura têm causado a redução de unidades de conservação. "Isso dá margem ao desmatamento especulativo, em que se desmata uma unidade de conservação na esperança de que ela vá ser reduzida e, assim, gere lucro."


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