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A bomba primordial

Livro narra, em quadrinhos, a história da primeira bomba atômica, desenvolvida pelos EUA em 1945, e mostra o debate ético e político deflagrado por ela

MARCELO LEITE DE SÃO PAULO

É preciso coragem para abordar o tema da bomba atômica no formato de história em quadrinhos (HQ). Por sorte existe Jonathan Fetter-Vorm, que não teve medo de correr riscos com seu "Trinity".

O livro lançado pelo selo Três Estrelas, do Grupo Folha, transpõe habilmente para a linguagem gráfica a história das bombas nucleares que explodiram sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente.

As detonações mataram pelo menos 200 mil pessoas nos dois locais (as estimativas variam) e forçaram a rendição do Japão. Pôr um ponto final na carnificina da Segunda Guerra Mundial, aliás, foi a principal justificativa moral do governo americano para sua demonstração de força atômica.

A narrativa de Fetter-Vorm não contorna o debate ético e político deflagrado por Little Boy e Fat Man (apelidos dos dois artefatos nucleares). Ao contrário: seja pela boca de cientistas atormentados, como Robert Oppenheimer, seja por não economizar vibração nas poucas imagens de vítimas, o desenhista deixa claro seu horror perante os fatos.

Isso não impede o desenhista americano de narrar também uma eletrizante fábula de descoberta científica e engenho tecnológico para domar as forças gigantescas contidas no recesso dos núcleos atômicos. É a história de Trinity, nome em código do teste de detonação da primeira bomba da história, num deserto do Novo México, em 16 de julho, três semanas antes de Hiroshima.

Para isso, o livro recua a 1898, na França, com a descoberta do fenômeno da radioatividade por Marie e Pierre Curie. Inúmeros diagramas de átomos e seus núcleos dissecam, com grande didatismo, a reação nuclear em cadeia que alimenta a explosão.

Fetter-Vorm desenha com minúcia, ainda, os mecanismos diferentes de Little Boy e Fat Man. Ambos funcionaram lamentavelmente bem.

Alguém precisava contar essa história, em especial para os mais jovens. É bom que ninguém se esqueça dela.


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