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Site pretende monitorar sumiço de abelhas

Plataforma foi lançada em Ribeirão Preto; mortes podem impactar produção de alimentos

CAMILA TURTELLI JOÃO ALBERTO PEDRINI DE RIBEIRÃO PRETO

Um site lançado em Ribeirão Preto pretende monitorar o desaparecimento das abelhas no mundo. O "Bee Alert" é uma plataforma on-line colaborativa para que apicultores e pesquisadores reúnam em um só lugar informações que possam ajudar na preservação das abelhas.

Estudo feito por um grupo de professores de biologia da UFSCar e da Unesp indica que parte do número de mortes de abelhas nos últimos anos pode estar relacionado ao uso de agrotóxicos nas lavouras.

Roberta Nocelli, professora do departamento de ciências na natureza, matemática e educação da UFSCar de Araras, diz que parte da produção de alimentos no país pode ser comprometida se as abelhas seguirem morrendo.

De acordo com a FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), um terço de tudo que se come no mundo depende da polinização realizada pelas abelhas.

Segundo o professor da Unesp Rio Claro Osmar Malaspina, o tema é controverso porque as mortes podem estar ligadas também a outros fatores, como deficit nutricional associado à baixa oferta de flora, mudanças climáticas, vírus e bactérias.

Mas ele diz que, de 2008 a 2010, apicultores relataram a perda de 15 mil colmeias no Estado --todas com características de uso de inseticidas.

"Muitos grupos de abelhas morrem num intervalo curto [24 horas] e num mesmo local. Isso é característico de morte causada por agrotóxicos", disse Malaspina. "Se elas estão doentes, morrem aos poucos, não ao mesmo tempo e longe da criação."

A ideia do "Bee Alert" é que ocorrências sobre morte ou desaparecimento dos insetos sejam relatadas no site www. semabelhasemalimento.com.br. Com o software, é possível apontar o local exato da mortandade e adicionar dados sobre quantas abelhas sumiram e causas possíveis.

O roteiro do aplicativo foi feito por Lionel Segui Gonçalves, professor e pesquisador da USP de Ribeirão Preto, e Daniel Malusá Gonçalves.

O site faz parte de uma campanha mundial, "Bee or not to be?", apresentada no fim de 2013. O movimento faz um alerta sobre a Síndrome do Colapso da Colônia --o desaparecimento das abelhas.

Apesar de difícil comprovação --as análises são caras--, Malaspina disse que evidências apontam que a morte de abelhas recai também sobre agrotóxicos despejados por aviões nas plantações, o que pode afetar a produção de alimentos.

Em 2008, afirma ele, o centro de estudos de insetos sociais da Unesp Rio Claro comprovou a morte por agrotóxicos. Houve casos em 2012 --Mendonça (SP) e Sete Quedas (MS), com 160 colmeias-- e em 2013, em Caarapó (MS), Querência (MT), Mondaí (SC) e Jardim (MS).

O produtor Wolfgang Denecke diz que tinha cerca de 40 caixas de abelhas em Cajuru e Nova Europa, mas praticamente todas morreram. Hoje, ele mantém apenas algumas colônias em Ribeirão.

Edson Alves de Assis, da Associação dos Apicultores de Boa Esperança do Sul (SP), diz que muitos criadores desistiram da atividade por causa das mortes.

Silvia Fagnani, diretora do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal, afirma que não há estudos conclusivos que comprovem o efeito dos defensivos nas mortes das abelhas.


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