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Paleontólogos descobrem espécie de crocodilo extinto em São Paulo

Descrição do animal, encontrado no interior paulista, foi feita por cientistas da USP e da Unesp

Espécie ganhou nome de "insaciável" porque em sua barriga havia pedaços de outro tipo de crocodilo

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Paleontólogos da USP e da Unesp descobriram os restos de uma indigestão de 85 milhões de anos em rochas do interior paulista.

Trata-se de uma espécie de crocodilo extinto até então desconhecida da ciência, em cuja barriga (ou no que sobrou dela) estavam pedaços de um exemplar de outro tipo de crocodilo, devorado pelo bicho maior.

O achado vem da zona rural do município de General Salgado (545 km a noroeste de São Paulo) e está descrito em artigo na revista científica "PLoS ONE".

Deixando registrada para a posteridade a gulodice do animal, os pesquisadores decidiram batizá-lo de Aplestosuchus sordidus (a primeira parte do nome quer dizer simplesmente "crocodilo insaciável", enquanto a segunda dispensa traduções).

Nem o devorador nem o devorado tiveram seu esqueleto completo preservado, mas os ossos que sobraram, bem como a comparação com espécies aparentadas da mesma época e região, permitem estimar o tamanho do Aplestosuchus sordidus.

O bicho media 2,3 metros da ponta do focinho à ponta da cauda, segundo Pedro Godoy, mestrando da USP de Ribeirão Preto, que assina o estudo junto com seu orientador, Max Langer. Já a presa não teria passado dos 55 cm de comprimento.

Na pança da espécie maior estavam pequenos ossos do crânio da presa, bem como alguns dentes.

Os crocodilos e jacarés de hoje possuem o trato intestinal mais ácido de todos os vertebrados. Talvez por isso essa seja a primeira vez que um fóssil do grupo foi encontrado com uma vítima identificável na cavidade corporal.

Acredita-se que os A. sordidus fossem predadores de grande porte em seu ambiente, enquanto o crocodilo devorado fazia parte de um grupo de onívoros (animais que se alimentam de tudo). Então, em termos modernos, seria mais como uma onça devorando uma raposa, e não algo como canibalismo.

QUEM COME QUEM

No estudo, os pesquisadores aproveitaram ainda para esboçar como seria a cadeia alimentar do interior paulista no fim do período Cretáceo.

A fauna era variada, incluindo insetos, pequenos mamíferos, tartarugas e dinossauros, mas o novo achado reforça a ideia de que os principais vertebrados terrestres eram mesmo os crocodilos, inclusive ocupando nichos ("papéis" ecológicos) que nenhum de seus parentes atuais ocupa, como o de comedores de insetos ou mesmo o de herbívoros.

O curioso é que, por conta disso, os dinossauros ficavam em segundo plano.

"Isso pode ter acontecido pela competição com essa fauna mais diversificada de crocodilos ou por causas ambientais que só afetavam os dinossauros, possibilitando a maior diversidade de crocodilomorfos. Mas ainda não temos evidências efetivas de nenhum desses possíveis fatores", afirma Langer.


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