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Emissões de CO2 do desmate na Amazônia podem ser 40% maiores

Conclusão é de estudo de instituições britânicas e brasileiras que contesta dados oficiais do país

Em 2010 a floresta perdeu mais de 50 toneladas de carbono com corte seletivo de madeira e fogo

RAFAEL GARCIA DE SÃO PAULO

O maior estudo sobre degradação florestal já feito no Brasil sugere que as emissões de CO2 causadas pela destruição da mata amazônica são 40% maiores do que aquelas relatadas pelo país.

Segundo o trabalho, feito com dados de 2010, naquele ano a floresta perdeu mais de 50 toneladas de carbono com corte seletivo de madeira e destruição parcial por fogo.

"Para a imagem de satélite, [que quantifica o desmatamento] aquilo vai parecer vegetação, só que é uma vegetação que já sofreu uma mudança estrutural muito grande", diz Erika Berenguer, ecóloga da Universidade de Lancaster (Reino Unido), líder do estudo. "O carbono que era armazenado em árvores de grande porte não fica mais lá, porque essas árvores morreram pelo fogo ou foram retiradas pela indústria madeireira."

Essa biomassa de carbono perdida acaba se decompondo e lançando ao ar gases de efeito estufa. Para estimar o quanto de carbono é perdido nesse processo, Berenguer liderou uma equipe que visitou florestas no Pará.

Os cientistas mediram mais de 70 mil árvores para calcular com precisão quanto carbono estava estocado em florestas intocadas e naquelas deterioradas.

Para projetar seus números e extrair uma cifra representativa para toda a Amazônia, os cientistas cruzaram dados do Prodes, o sistema de monitoramento da Amazônia para corte raso, com os do Degrad, um sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que mapeia a extensão de florestas degradadas na Amazônia.

O estudo, que teve participação da Embrapa, USP, Inpe e Museu Goeldi, foi publicado na última edição da revista "Global Change Biology". A afirmação, porém, foi contestada por cientistas.

Mercedes Bustamante, ecóloga da UnB que participou da elaboração do inventário nacional, diz que é errado pensar que ele implica que essas emissões estão sendo omitidas dos dados oficiais.

Bustamante afirma que o inventário leva em conta, sim, transições graduais na deterioração da floresta entre a mata virgem e o corte raso, mas os relata de forma mais simplificada.

Segundo Carlos Nobre, secretário de políticas e programas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, mesmo nas emissões estimadas unicamente a partir de corte raso de floresta a degradação parcial acaba sendo contemplada. Quando se perde um pedaço de floresta degradado, a quantidade de emissão é menor do que a de uma floresta virgem derrubada diretamente. Isso acaba compensando as emissões de degradação que não haviam sido relatadas antes.


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