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Caverna na Espanha é berço de neandertais, indica pesquisa

Estudo também aponta origem da fisionomia de humanos primitivos

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma caverna no norte da Espanha é o provável berço dos neandertais, humanos primitivos que colonizaram a Europa e o Oriente Médio na Era do Gelo e cujo sangue ainda corre nas veias das pessoas de hoje.

É o que sugere uma pesquisa publicada na revista "Science", coordenada pelo paleoantropólogo Juan-Luis Arsuaga, da Universidade Complutense de Madri.

Arsuaga e seus colegas tiveram a sorte de topar com um dos sítios mais ricos do mundo quando o assunto é evolução humana.

Sima de los Huesos, localizado perto da cidade de Burgos, conta com a maior coleção de fósseis de ancestrais da humanidade a ser descoberta num só lugar. São cerca de 30 indivíduos e 17 crânios, vários dos quais tiveram de ser remontados pelos cientistas espanhóis.

No novo estudo, os pesquisadores apresentam datações mais precisas do sítio, concluindo que os hominídeos viveram por ali há 430 mil anos, e mostram, por meio da análise do formato dos crânios, que a população de Sima de Los Huesos compartilha características importantes com os neandertais.

Estes só apareceriam claramente no cenário pré-histórico europeu uns 200 mil anos mais tarde.

Os detalhes dos crânios indicam que se tratava de uma população relativamente homogênea, com um mosaico de características "pré-neandertais" e outras mais primitivas, herdadas de ancestrais vindos da África. Eram criaturas de cérebro quase tão avantajado quanto o nosso.

Se a equipe espanhola estiver correta, os primeiros passos evolutivos da linhagem que desembocaria nos neandertais foram inusitados. Durante décadas, os antropólogos costumavam atribuir a peculiar fisionomia neandertal --como o grande nariz e a face fortemente projetada para a frente-- à necessidade de se adaptar às condições gélidas da Europa durante o Pleistoceno. O narigão, por exemplo, ajudaria os hominídeos a aquecer o ar.

Pode até ser que outras características da espécie, como o corpo atarracado, de fato tenham a ver com a adaptação ao frio, mas os crânios de Sima de los Huesos sugerem que os primeiros passos da "neandertalização" vieram com alterações no formato da mandíbula e dos dentes, provavelmente associadas a detalhes da mastigação.

"Parece que essas modificações estão ligadas ao uso intensivo dos dentes da frente. Os incisivos mostram grande desgaste, como se os dentes estivessem sendo usados como uma terceira mão', o que é típico dos neandertais", diz Arsuaga. Tais alterações, por sua vez, acabariam levando à reorganização da anatomia do rosto como um todo --criando, portanto, a "cara" neandertal clássica.


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