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Dois planetas habitáveis fora do Sistema Solar são falsos

Sinal percebido como dos dois astros era produto da atividade estelar

Cientistas pretendem investigar outros sistemas e acreditam que encontrarão mais falsos positivos

SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A lista de planetas possivelmente habitáveis descobertos fora do Sistema Solar perdeu ontem dois membros. De acordo com um novo estudo feito por cientistas americanos, eles na verdade nunca existiram.

E o que talvez seja mais dramático: esse pode não ser o único "engano" na lista de cerca de 1.800 exoplanetas previamente confirmados.

"Imagino que haja outros falsos positivos escondidos no conjunto de planetas conhecidos", disse à Folha Paul Robertson, pesquisador da Universidade Estadual da Pensilvânia e líder do trabalho publicado on-line pelo periódico "Science".

O astrônomo agora pretende fazer análise similar em outros sistemas planetários possivelmente duvidosos.

ANÃ VERMELHA

Os dois planetas derrubados eram chamados de Gliese 581d (anunciado em 2007) e Gliese 581g (anunciado em 2010). Membros de um sistema centrado numa estrela anã vermelha, menor que o Sol, um deles, o "g", nunca chegou a ultrapassar o status de "candidato".

O outro tinha sua existência dada como líquida e certa pelos cientistas. Agora, os dois devem ser apagados da história dos exoplanetas.

De acordo com a análise de Robertson, o sinal percebido como dos dois planetas na verdade era produto do grau de atividade estelar (coisas como erupções e manchas, como as que existem no Sol) combinada com a rotação da própria estrela.

O sistema havia sido originalmente descoberto e estudado pela técnica mais comum envolvida na detecção de exoplanetas.

Ela consiste na detecção do bamboleio que a estrela executa conforme astros menores girando em torno dela a atraem gravitacionalmente.

A importância do novo estudo, além de derrubar dois planetas, é mostrar a fragilidade dessa técnica de velocidade radial para o estudo de planetas de baixa massa.

"É verdade que, na escala dos exoplanetas com massa similar à da Terra, a atividade estelar é um problema sério", afirma Robertson. "Espero que meus resultados tanto enfatizem o problema como apontem um caminho para a solução."

CORREÇÃO

O trabalho dos cientistas americanos consistiu em criar algoritmos matemáticos capazes de "compensar" a atividade estelar --em tese, isso reforça o sinal de planetas que de fato existem e enfraquece o de falsos positivos.

No caso do sistema Gliese 581, a pesquisa confirmou que os planetas "e", "b" e "c" existem. Já os que atendem pelas letras "d", "f" e "g" são artefatos. Desses dois, o "f" já havia sido descartado. A dupla "d" e "g" caiu agora.

Robertson espera que seu trabalho faça mais que apontar falsos planetas. Seu objetivo é usar as técnicas de correção de dados para encontrar sinais planetários ocultos pela atividade estelar.

Mas, por ora, o que ele fez foi reduzir uma estatística que até agora envolve números baixos --a detecção de mundos rochosos na chamada zona habitável de suas estrelas, onde a quantidade de radiação que chega ao planeta é adequada à manutenção de água em estado líquido.

Isso faz com que a prevalência calculada de mundos potencialmente habitáveis em torno de anãs vermelhas caia de 41% para 33%.


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