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Mensageiro dos ETs

Em livro, jornalista Salvador Nogueira investiga a busca de vida fora da Terra, dos relatos duvidosos de OVNIs às evidências sólidas da ciência

GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO

Até agora, apesar de várias tentativas, a ciência não encontrou qualquer prova definitiva de que exista vida fora da Terra. Cada vez mais estudos, porém, têm indicado que essa solidão cósmica é altamente improvável.

"Estatisticamente, é muito difícil que estejamos sozinhos. Uma estimativa conservadora feita num estudo recente fala em 1,1 bilhão de gêmeas da Terra só na Via Láctea. Se a chance de encontrar vida fosse semelhante à de ganhar na Mega Sena, já daria mais de duas dezenas de planetas habitados só na nossa galáxia", diz Salvador Nogueira, autor do blog "Mensageiro Sideral" da Folha.

Após 15 anos trabalhando na cobertura de temas relacionados ao espaço, o jornalista acaba de lançar "Extraterrestres: onde eles estão e como a ciência tenta encontrá-los" (ed. Abril), que reúne as últimas novidades na busca científica por vida em outros planetas à história da observação celeste e suas implicações na vida cotidiana.

"A questão dos extraterrestres desperta muitas paixões, mas a gente tem de se despir dos preconceitos e tentar abraçar a nossa ignorância, respondendo às dúvidas que estão presentes nessa busca", avalia Nogueira.

Nas últimas décadas, as descobertas na astronomia avançaram como poucas outras disciplinas. Se nos anos 1980 não tínhamos sequer a confirmação de que havia planetas fora do nosso Sistema Solar, hoje sabemos que a ocorrência de outros mundos junto às demais estrelas é algo bastante comum.

Só o telescópio Kepler da Nasa -- cujas observações basearam a estimativa de 1,1 bilhão de gêmeas da Terra na nossa galáxia-- identificou 3.845 candidatos a planetas antes de parar de funcionar devido a um defeito, em 2013.

Muitos desses exoplanetas --fora do Sistema Solar-- podem estar na chamada zona habitável, onde existem condições para a existência de água líquida. Mas isso é o bastante? Quais são os "ingredientes" necessários para que a vida floresça?

Em "Extraterrestres", Nogueira vasculha estudos ligados aos parâmetros da chamada equação de Drake. Esse é o nome dado à fórmula criada pelo astrônomo americano Frank Drake para estimar a probabilidade de civilizações inteligentes tentarem contato com a Terra.

PERGUNTAS DIFÍCEIS

Nogueira deixa claro, porém, que muitos componentes necessários para fechar a equação ainda são perguntas difíceis de responder.

"É algo que muitos cientistas ainda têm vergonha de falar, mas a origem da vida ainda é uma dúvida. Há várias teorias, todas com pontos fracos e pontos fortes. Mas a verdade é que nós ainda temos dúvidas", diz Nogueira.

O próprio conceito de vida, aliás, pode ser posto em xeque. Afinal, nada garante que, em outros cantos do espaço, ela siga os mesmos conceitos de células, DNA e tudo mais que é compreendido na nossa biologia.

As supostas visitas de objetos voadores não identificados também têm espaço no livro, que deixa bem claro que a maioria delas pode ser explicada por fenômenos atmosféricos, balões meteorológicos, alucinações e até mesmo fraudes.

"O problema é que existe uma pequena parcela de casos, inclusive alguns relatados por pilotos da FAB [Força Aérea Brasileira] para os quais até hoje não temos explicação, que desafiam a lógica que nós conhecemos de aeronaves e de voos. Não são necessariamente ETs. Podem ser algum fenômeno atmosférico bizarro que nós ainda não conhecemos, por exemplo. Mas que são estranhos, isso são", avalia Nogueira.

Existindo ou não vida extraterrestre, o livro termina com uma reflexão: só a mera especulação desses seres já foi importante para os próprios terráqueos.

A busca por outras civilizações --que, se existirem, não necessariamente são inteligentes ou gostariam de ser encontradas-- foi um terreno fértil para o nosso próprio desenvolvimento: novas tecnologias, novas disciplinas e até clássicos da ficção científica, com o Jornada nas Estrelas.

"Os humanos já estão mandando sondas para vários pontos do planeta, fala-se seriamente da colonização de Marte... No fim, nós, os terráqueos, é que estamos nos tornando os extraterrestres",conclui.


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