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Opinião preços em São Paulo

Demonizar restaurantes é uma lógica simplista

Do feirante que vende tomate ao corretor que negocia uma cobertura nos Jardins, todos são inescrupulosos?

ANDRÉ BARCINSKI COLUNISTA DA FOLHA

A briga entre o site BoicotaSP e o padeiro e "restaurateur" Olivier Anquier deu o que falar. Se você não viu, Anquier chamou de "covarde" o site, que propõe boicote a estabelecimentos comerciais que, supostamente, cobram preços altos demais.

O BoicotaSP respondeu que não "demoniza" estabelecimentos e que abre espaço para que esses respondam às reclamações.

Acho essa discussão muito válida. Em minha coluna no caderno "Comida", tenho reclamado constantemente dos preços cobrados por alguns restaurantes.

Por outro lado, acho importante que consumidores levem em conta alguns fatores antes de decidirem se estão cobrando alto ou não.

Em primeiro lugar: tudo no país está caro. Do tomate na feira aos apartamentos na Vieira Souto, no Rio, todos os preços subiram assustadoramente nos últimos anos.

A lógica simplista de demonizar os comerciantes não cola. Quer dizer que, do feirante que vende tomate ao corretor imobiliário que vende uma cobertura nos Jardins, todos são inescrupulosos? Não sobra ninguém?

É claro que a inflação tem razões para existir. A infraestrutura do país é precária, nossos portos são uma piada, as estradas, péssimas, o custo de transporte e armazenagem de produtos é extorsivo. Nossa burocracia é kafkiana. Tudo isso pesa no preço final de qualquer produto.

Vamos pensar em um exemplo: digamos que você vai a um bar e pede uma cerveja. No bar, a lata custa cinco vezes mais do que o preço no supermercado. É roubo?

E se você pensar que o bar pagou aluguel, reforma, alvará, auto de vistoria, extintores, advogados, mesas, mobiliário, talheres, salários, adicional noturno, atendentes, seguranças, caixas, uniformes, água, luz, gás, taxa de lixo, guardanapos, copos, gelo e canudos, além de impostos? Nem assim o preço parece justo?

É claro que existem comerciantes que exageram. Mas, no fim, quem tem o poder de reduzir os preços é o consumidor. Se ninguém comprar, é óbvio que o preço vai cair.

Repito: acho fundamental que exista um diálogo entre vendedor e consumidor.

Também acho que, se os donos do BoicotaSP prezam a troca de informações, poderiam mudar o nome do site, que é bem agressivo. Por que não "PreçojustoSP" ou algo do tipo? Sugerir boicote e pedir explicações não é discutir, é condenar a priori.

Na seção "Sobre", o BoicotaSP se define como "um grande guia de boicote para qualquer coisa que saia do razoável". Abaixo, se diz "uma plataforma na qual consumidores, estabelecimentos e poderes possam discutir abertamente sobre valores, custos e encargos".

Afinal, o site quer boicotar ou discutir?


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