Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Comida

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica restaurante

Novo W, no Itaim, sofre de crise de identidade

Macarrão estava sem sal, costeleta de cordeiro, passada, e o molho de laranja do confit de pato parecia um xarope

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

São restaurantes ou bares essas novas casas abertas com certa crise de identidade, com investimentos altíssimos por jovens ricos em São Paulo, como o recém-inaugurado W? Vai-se ali comer ou beber? Ou se mostrar?

Todos usam o recurso de instalar um belo terraço logo em frente, escancarado para a rua: vitrine garantida para os olhares invejosos dos passantes, além de refúgio para os que, no ritmo de bar, preferem ficar por ali fumando e paquerando.

Para facilitar as coisas, alguns desses empresários têm preferido abrir filiais de lugares badalados pelo mundo, o que, além da facilidade de implantar uma fórmula pronta, garante um público encantado em reencontrar lugares que relembrem suas viagens. Mas não foi o caminho escolhido pela galera do W.

Com idades entre 26 e 29 anos, Felipe Borelli e Thomas Bento são sócios numa empresa de eventos (Felipe tem também um bar e uma temakeria). Para o W, juntaram-se ao chef de cozinha Christian Montgomery, que estudou gastronomia no Brasil e em Barcelona, e a outros amigos.

A publicidade do W chama a casa de restaurante, ainda que de perfil descontraído e cardápio relativamente simples, do tipo grelhados com acompanhamentos.

Mas se o objetivo da casa é ser um restaurante, por que então a acústica é tão desagradável, multiplicando o barulho como nos piores bares?

Se é um restaurante, por que sua entrada mais marcante --espetinhos de camarão, peixes, frango e carne-- só tem molhos fortes, tão pouco apropriados para as carnes mais leves? Ou os aspargos com creme de emmental e parmesão são, na verdade, um creme com pedaços de aspargos dentro de pão?

Também é o caso de perguntar por que, se é um restaurante, o W serve um confit de pato até bem cozido, mas cujo molho de laranja, sobre purê de maçã, mais parece um xarope adocicado produzido com mão pesada? Por que a costeleta de cordeiro vem muito passada e o macarrão com manteiga e sálvia, sem sal e sem gosto, tem vários feixes de fio compactamente grudados?

Por que, num restaurante, o penne W traz camarões tão mirrados e sem gosto (o molho sequer capta o sabor), e o bife de chorizo, muito passado, vem com molho insípido de pimenta? E por que, na sobremesa, se entrega um bolo de amêndoas sem textura de bolo, com sorvete derretido?

Talvez porque não seja mesmo um restaurante. E estejam certas as meninas que, à mesa, não tiram da boca por nada suas gomas de mascar.

W
ENDEREÇO r. Campos Bicudo, 141, Itaim, tel. 0/xx/11/3167-1034
FUNCIONAMENTO dom. e seg., das 12h às 16h; de ter. a sáb., das 12h às 15h e das 19h à 0h
AMBIENTE um salão e um terraço iluminado, com vista para a rua
SERVIÇO trabalha bem, mesmo no movimento forte da noite
VINHOS pequena oferta, compatível com o pequeno menu
CARTÕES A, M e V
PREÇOS entradas, de R$ 16 a R$ 35 pratos, de R$ 28 a R$ 76; sobremesas, de R$ 10 a R$ 17


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página