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Nina Horta

Confie no seu nariz

Agora, podemos ser experts e até aprender a usar um vocabulário olfativo para as comidas

Tenho recebido mensagens estranhas por e-mail. Agora mesmo chegou uma com o tópico: "Onde estão os óculos da vovó?"

A mensagem era uma pergunta: O que significa "glasses"? E dava as alternativas: 1- óculos; 2- explica; 3- falido; 4- protótipo.

Posso responder intuitivamente experimentando cada palavra. Onde estão os "explica" da vovó? Onde estão os "falido" da vovó? Ou onde estão os "protótipo" da vovó?

A pergunta, se notarem bem, é extremamente delicada. Ela quer que você acerte e que não passe pela humilhação de se mostrar um asno respondendo que "glasses" quer dizer "falido da vovó". Quer dizer "óculos da vovó", como está explícito no tópico "os óculos da vovó."

Imagino que a pergunta nada mais queira do que me deixar feliz. Que tenha sido feita num esforço positivo, que queira reforçar a ideia de que levo jeito, de que posso me inscrever em algum curso de inglês que não vou fazer feio. Vou enfrentar o professor, as lições de casa, mas tudo será fácil para mim, porque sei que a vovó perdeu os "óculos" e não os "explica". Os "protótipo" da vovó também estão seguros, ela só perdeu os óculos.

Vocês repararam que já se foram 15 minutos somente com essa reflexão produtiva? A internet nos apronta muitas dessas, poderia continuar listando. Não estou nem procurando, é um e-mail atrás do outro.

"O seu cachorro come cocô?" -com este levei até susto, é muita intimidade! Não vou tirar a privacidade do cachorro assim, online, coitado! Aqueles que gostam de reclamar ao se sentir muito expostos na rede podem começar a mandar aquelas correntes de adesão para os cachorros também.

O melhor é ir direto para os textos bons, que nos interessam, e fazer propaganda deles. Todos nós temos obrigação de compartilhar as coisas boas da internet.

Tem um blog novo, sobre perfumes, do Denis Pagani, que é tudo de útil para quem quer comprar um perfume. Mas também para nós, cozinheiros, que sempre precisamos afiar o nariz. São novos em folha, o blog e o dono dele. É o 1nariz.com.br.

O Denis Pagani escreve bem, e o assunto que escolheu é um achado, num texto vivo, inteligente e engraçado. Parecia difícil comprar perfumes. Agora, podemos ser experts e até aprender a usar o vocabulário dele para nossas comidas.

Temos a descrição, o esforço de trazer aos nossos narizes um cheiro. Olhem só um pedaço que dá conselhos a machões para que não errem ao comprar um perfume: "'Fougère' significa samambaia em francês, mas deve ser entendido de modo evocativo: eles partem da lavanda para conseguir um efeito herbal, verde, às vezes amargo como tomilho, às vezes mentolado, pontudo, como pinho e eucalipto. Fica impossível não associar com produtos de limpeza: sabonete, pós-barba, desodorante, às vezes Pinho Sol. Ou seja, pode ficar vulgar (barato ou comum), confie no seu nariz e disposição. São perfumes de peito cabeludo, barba cerrada, talvez camisa aberta e correntes, para despertar o George Clooney em você".

Gostei do adjetivo "pontudo" para cheiro. Na cozinha tem uns cheiros bem pontudos, não tem?

ninahorta@uol.com.br


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