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Entrevista Jancis Robinson

Consumidores estão cansados de beber merlot e chardonnay

Em novo livro sobre o dna das uvas usadas na produção de vinho, crítica inglesa fala sobre o investimento em variedades em extinção

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As aquarelas que ilustram "Wine Grapes", novo livro da crítica inglesa Jancis Robinson, remetem às antigas publicações que reuniam todo o conhecimento sobre uvas que produzem vinhos.

Na recém-lançada enciclopédia, porém, são os estudos do DNA que redesenham o mapa do vinho moderno.

Em quase 1.300 páginas, Jancis e o botânico suíço José Vouillamoz detalham a genética de 1.368 uvas e falam sobre o investimento em variedades em extinção.

Leia a entrevista concedida à Folha por e-mail.

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Folha - Que contribuição os estudos de DNA trouxeram para o conhecimento das variedades das uvas?

Jancis Robinson - Os perfis genéticos nos permitem fazer descobertas sobre como as variedades de uvas estão relacionadas entre si. Há no livro cerca de 300 novas ligações entre castas distintas, relações que ainda não haviam sido publicadas.

Há mais esforços na recuperação de variedades autóctones quase extintas, o que nos ajuda a montar esse quebra-cabeças que é a árvore genealógica das variedades de uvas. Publicamos 14 árvores desse tipo no livro. Em várias partes do mundo, como Valais, na Suíça; Gasconha, na França; e por toda a Itália e a Catalunha, na Espanha, pessoas estão trabalhando duro em pesquisas e no resgate de antigas variedades.

Quantas variedades de uvas existem hoje no mundo?

Há cerca de 10 mil, mas muitas delas são de espécies não viníferas [espécies que não são próprias para a produção de vinhos], mais adequadas para comer.

Quantas variedades viníferas se transformam comercialmente em vinhos?

Encontramos 1.368 variedades que produzem vinhos. Este número, porém, está aumentando graças ao crescente interesse em uvas alternativas e históricas. Tanto produtores quanto consumidores estão cansados de produzir e beber chardonnay, cabernet sauvignon e merlot.

Que país é mais rico em uvas autóctones? Quais as razões para essa diversidade?

Na Itália, encontramos 377 variedades que se transformam comercialmente em vinhos. Talvez a França tenha tido, em algum momento, a mesma diversidade, mas sua indústria vinícola tem sido conduzida de maneira mais eficiente e de modo mais centralizado, o que fez com que poucas variedades francesas se espalhassem.

Já na Itália, em vez de haver um centro organizador, como Roma, por exemplo, seguiu-se o costume de cada região, e as variedades locais continuaram a florescer.

Algumas uvas mencionadas no livro estão ou estiveram em vias de extinção. Como os produtores as estão recuperando?

Na Catalunha, por exemplo, Miguel Torres, da Bodega Torres, coloca anúncios nos jornais locais pedindo às pessoas que informem sobre a existência de vinhas antigas.

(CRISTIANA COUTO)


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