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Comer em SP

Restaurantes acompanham alto custo de vida na cidade

Não é vilania dos restaurateurs: o buraco é mais em cima, está na economia

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

Há um mito que reza que São Paulo é a capital mundial da gastronomia. Um disparate -se comparada, por exemplo, aos produtos, à inquietação, à regularidade de Paris, à milionária modernização do setor em Nova York ou ao deslumbrante, talvez imbatível, cenário de Tóquio.

Bordão mais recente diz que São Paulo é a cidade mais cara do mundo para comer. Claro, é muito cara. Até o Big Mac brasileiro é o quinto mais caro do mundo. Mas não é pela vilania dos restaurantes: infelizmente, o buraco é mais em cima, está na economia do país.

Antes mesmo de praguejar pela conta do restaurante, o cliente que pegou na lavanderia a camisa, abasteceu o carro, pagou o estacionamento já terá enfrentado despesas internacionalmente altas.

O restaurante é só mais um elo da cadeia que, para funcionar, tem que pagar caro pelo metro quadrado, pela energia, pelos impostos etc.

Os motivos -pressão da demanda emergente? milionários cada vez mais ricos? taxa de câmbio irreal?- deixo aos economistas explicar.

Nos restaurantes, o efeito é cruel. Pior para quem gosta de conforto, decoração, boas louças, sommelier treinado. Mas lugares assim -com ambientes e menus consagrados e imutáveis- precisam continuar existindo, pelo menos enquanto houver quem pague.

A boa notícia -quase nunca notada- é que uma nova geração de chefs e proprietários, sem recursos para instalações sofisticadas, opta pela simplicidade.

E não só isso: adeptos de uma cozinha bossa nova, que alia a modernidade de técnicas internacionais a tradições culinárias locais, eles terminam fazendo uma culinária naturalmente mais barata (pimenta brasileira custa menos que trufa italiana), valorizando outro ingrediente: a imaginação.

No Epice, o menu de almoço custa R$ 45, mesmo preço do Miya (onde o menu de sete tempos custa R$ 120).

No jantar do Jiquitaia, R$ 55 (no almoço, ainda menos). No Ecully, a maioria dos pratos principais custa menos de R$ 40.

Numa cozinha mais tradicional, o menu de cinco tempos do MaxAbdo custa R$ 89 (o de três, R$ 59). N'A Peixaria, compra-se o peixe pelo peso, mais R$ 10 pelo preparo.

No novo Kappa & Kanashiro, as belas instalações talvez expliquem o preço, mas não a comida servida.

Como sempre, mais importante que o preço nominal, é saber se a experiência -e fundamentalmente a comida- valeu o que foi pago.


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