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Crítica - Restaurantes
Pratos do Outback e do Applebee's não saciam paladar
JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHAPara ter sucesso, as redes de "casual dining" primam pela embalagem: costumam ser temáticas, joviais, divertidas. A comida vem complementar o conceito geral. E, nesse aspecto, o Outback, ao menos no Brasil, é exemplar e bem mais eficiente que o concorrente Applebee's.
No Outback, como numa jura de amor, joelhos de devota no chão, minha garçonete superfeliz explica que ali funciona uma "steak house", portanto uma churrascaria, portanto as carnes são a especialidade.
Deve ser por isso que não faz muita diferença que a cebola frita (linda, portentosa) seja engordurada ou a batata impecavelmente cortada em canoa esteja crua. Mas, se são a atração, as carnes poderiam ser incríveis. Não sei por que a maioria é feita na chapa, e não na grelha, mas vá lá, é o estilo da casa.
Também faz parte da identidade do Outback que as carnes sejam todas macias de um jeito igual, como nas cadeias americanas, que utilizam meios mecânicos (centenas de agulhas ou lâminas fininhas) para quebrar a fibra de peças que provavelmente não seriam naturalmente macias. Com isso, a impressão que dá é que, no lugar de macias, elas ficam moles.
No Applebee's, a descontração e o barulho são parecidos. Mas o "steak" pedido malpassado gerou um diálogo curioso ("Tem certeza? Você sabe mesmo como é nosso ponto malpassado?") -e ineficaz, pois o malpassado deles era tipo ponto pra mais.
Numa cidade com a diversidade de São Paulo, no lugar de tantas redes, poderia haver restaurantes americanos menos seriais e mais autênticos. Num país de churrascarias tão fantásticas (e carne tão boa) como o Brasil, não saio destas redes satisfeito.
Nem mesmo do Outback, que tem pratos vistosos. Saio de lá sem lembranças especiais -e sem nem mesmo lembrar o nome da moça que tive tantas vezes a meus pés.
