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Depoimento
Só me restou ligar para um advogado e comprar fita crepe
KARIME XAVIER REPÓRTER-FOTOGRÁFICAPrimeiro, você fica triste em ver os vizinhos que viraram amigos saírem de perto. Depois, fica feliz em ver que o bairro [Perdizes] receberá um empreendimento novo.
Em seguida, fica irritado com o pó e o barulho que a demolição das casas de seus vizinhos estão trazendo a sua rotina. Mais adiante, se irrita com o barulho de bate-estaca -é a fundação do futuro supermercado.
Aí, você fica em alerta ao ver pequenas rachaduras em sua casa, o que vira pânico quando se tornam fendas.
Por fim vem um carro da prefeitura e para na frente da sua casa -e uma mulher sai com um papel segundo o qual a sua casa está interditada!
Interditada?
"Saia o mais rápido possível", disse a moça. Sabe aquela sensação de que alguém está tirando todo o seu ar, as suas mãos começam a ficar úmidas, as costas pesam e você fica meio aérea? Foi o que senti. A casa da gente é mais importante que a roupa, que o carro, que os cachorros e que o trabalho. A casa da gente é a casa da gente, oras!
Sem muita coisa a fazer, o que resta é ligar para um advogado, pedir uma vaga na "casa da tia" e comprar plástico bolha, fita crepe e caixas de papelão. Enquanto isso, São Paulo vai se despedindo e atropelando suas casinhas.
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Responsáveis pela obra vizinha, o supermercado St.Marche e a construtora Valor se responsabilizarão pelos reparos no imóvel que foram causados pela construção. Também se propuseram a custear um hotel para Karime Xavier no período.