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Plano 'enxuto' é proteção de Haddad contra críticas, afirma pesquisadora

Para Elizabeth Balbachevsky, da USP, petista quer evitar erro de Kassab, que atingiu 55% de 223 metas

Outros especialistas defendem que número menor de metas é mais adequado para gestão focar as prioridades

DE SÃO PAULO

A decisão do prefeito Fernando Haddad (PT) de apresentar um plano com menos da metade das metas de Gilberto Kassab (PSD) divide a opinião de especialistas que estudam políticas públicas.

O plano de Haddad tem cem metas -o de Kassab, 223.

De um lado, a redução é vista como uma estratégia do petista para atingir uma porcentagem maior de metas e evitar as críticas feitas a Kassab no final da gestão por ter cumprido apenas 55% dos compromissos assumidos.

De outro, a decisão é considerada indicação de que o governo assumiu compromissos prioritários, nos quais pretende focar seus esforços.

"A experiência internacional mostra que é melhor ter menos metas, porque assim o governo foca nas políticas públicas mais importantes. Ter boas políticas públicas não quer dizer atacar para todos os lados", diz Fernando Abrucio, coordenador do curso de administração pública da Fundação Getúlio Vargas.

Para ele, a diminuição da quantidade de metas segue o exemplo do que ocorreu em países como Canadá e Suécia, que adotam planos de metas e, com o tempo, diminuíram a quantidade delas.

Planos mais "enxutos", na opinião de Abrucio, facilitam o controle social. "Um dos motivos para se formular metas é tornar o governo mais inteligível para o cidadão."

Já para Elizabeth Balbachevsky, vice-diretora do Núcleo de Pesquisa sobre Políticas Públicas da USP, o cumprimento das metas, muitas vezes, depende de processos que estão fora do controle da prefeitura, como, por exemplo, paralisações judiciais de processos de licitação por causa de contestações.

"As metas acabam criando uma falsa sensação de mau governo. Nenhum governo pode ter qualquer certeza de que essas metas podem ser cumpridas", afirma.

Por isso, ela avalia a redução como um "movimento defensivo" contra cobranças.

"Evidentemente que o que Haddad quer fazer é evitar que, daqui a quatro anos, seja cobrado da mesma forma que ele cobrou Kassab", diz.

"Ele sabe que metas muito ambiciosas são certeza de que será cobrado por não ter conseguido fazer o que prometeu." Ela afirma, no entanto, que o importante é observar a qualidade do plano.

Já para Maurício Broinizi, coordenador da Rede Nossa São Paulo, ONG que faz o monitoramento das metas desde a gestão Kassab, o plano anunciado por Haddad condensa em uma única meta mais de um compromisso.

"Para Kassab, cada hospital prometido era uma meta. Para Haddad, todos estão colocados em uma só meta."


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