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Newton Carlos Monteiro (1936-2013)
Ele abriu uma escola para crianças pobres
ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULOO maior investimento já feito pelo engenheiro mecânico Newton Carlos Monteiro, como ele mesmo dizia, ocorreu em 2000, quando fundou na zona oeste da capital paulista a Nossa Escola Perdizes.
O estabelecimento sem fins lucrativos começou naquele ano selecionando crianças de três anos, todas filhas de empregadas domésticas do bairro onde Newton crescera. Não haveria custo para os alunos.
Hoje, o mesmo grupo de estudantes está com 16 anos. Todos estão sendo preparados para entrar em cursos da USP. O sonho de Newton, que se formou nos anos 60 no Mackenzie, era ver alguns desses meninos aprovados na Poli.
O engenheiro começou a carreira como estagiário na A. Tonolli SA - Indústria e Comércio de Metais, onde ficaria por cerca de 50 anos. Chegou à presidência da empresa.
Bem-sucedido em sua área, decidiu que deveria devolver ao país as oportunidades que teve, como lembra sua mulher, Edimara Andrade Monteiro, que dirige a escola desde sua fundação.
Demoliu uma casa que tinha e, no terreno, ergueu um prédio para a escola. Os 11 alunos (já foram 45), que hoje estão no segundo ano do ensino médio, também usufruem de um sítio e viajam com a escola para o exterior (já conheceram os EUA e a Argentina).
Newton costumava repetir algumas frases, como "O futuro é estudar, o resto pode esperar". É descrito como culto, exigente, carinhoso e engraçado -dizia que perdia o amigo, mas não a piada.
Morreu anteontem, aos 76, de problemas cardíacos. Teve dois filhos, do primeiro casamento, e três netos. Ontem, os alunos estiveram na cremação.