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Alckmin e Haddad intervêm para suspender desocupação após conflito

Sob ameaça de reintegração de posse violenta, governos fecham acordo para interromper ação

Juiz que determinara a operação admite que recuo foi político e espera desapropriação da área pela prefeitura

DE SÃO PAULO

Às 13h10 de ontem, um grito de comemoração ecoou na invasão conhecida como Pinheirinho 2 -onde vivem 700 famílias em Iguatemi, zona leste da capital- quando o comando da PM anunciou a suspensão da reintegração de posse que havia começado às 6h, com confronto entre policiais e moradores.

A suspensão ocorreu após decisão judicial motivada por um acordo político entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT), que temiam um novo "caso Pinheirinho".

Naquela reintegração de posse, em janeiro de 2012, cerca de 1.600 pessoas foram retiradas de um terreno de São José dos Campos (99 km de SP). Na ação, houve violento confronto com policiais.

Ontem, o juiz Jurandir de Abreu Júnior, do Fórum de Itaquera, suspendeu a ordem de reintegração que ele mesmo emitira em agosto de 2012, mas que não havia sido cumprida. As famílias vivem no local desde junho.

Segundo o juiz, a pedido do governador, a secretária estadual de Justiça, Heloísa Arruda, solicitou à presidência do Tribunal de Justiça a suspensão da medida.

A justificativa era que prefeito assinaria um decreto de desapropriação para manter os moradores na área, que pertence ao advogado Heráclides Batalha de Camargo Filho.

No início da noite de ontem, o secretário de Negócios Jurídicos, Luís Fernando Massonetto, preparava o decreto. A prefeitura não soube precisar o custo da operação.

O acordo entre Alckmin e Haddad começou a ser costurado às 11h45, quando o prefeito ligou para o governador. Pouco mais de uma hora depois, carros do Batalhão de Choque deixavam o local.

Haddad tomou ciência da reintegração em 11 de março.

Dez dias depois, o governo municipal manifestou interesse em desapropriar a área e pediu 120 dias de prazo para cadastrar os moradores.

Nos últimos meses, o juiz adiara várias vezes a reintegração após pedidos da PM, que dizia não ter o efetivo necessário para a operação.

"A decisão de hoje [suspensão] é parte de uma medida política. Se o decreto não for assinado, peço a reintegração de novo", disse o juiz Abreu Júnior à Folha.

A suspensão surpreendeu o advogado e filho do dono do terreno, André Batalha de Camargo. "Houve interferência política no caso. Agora vamos esperar que o decreto de desapropriação seja feito."

TENSÃO

O alívio dos moradores, no início da tarde, veio após uma manhã tensa. Segundo testemunhas, a PM invadiu o local por três frentes. Um extintor de incêndio teve que ser usado para apagar o fogo de uma barricada de pneus.

Bombas de efeito moral e balas de borracha, atiradas para o alto, foram usadas pela polícia. Um morador foi ferido no joelho e o vereador Alessandro Guedes (PT) recebeu cinco pontos na cabeça.

"Não houve resistência. O aparato policial usado aqui é desproporcional", diz a defensora pública Anaí Rodrigues.


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