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Ilegal, farra do boi resiste em praias de SC na Semana Santa

Na madrugada de ontem, 11 foram detidos em Florianópolis

JEFERSON BERTOLINI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM FLORIANÓPOLIS

Armados com paus e pedras, grupos de até cem pessoas costumam se reunir às escondidas em praias catarinenses nesta época do ano para provocar bois e, em seguida, fugir das chifradas.

A farra do boi, considerada crime pela legislação e "uma tradição" pelos farristas, ocorre no litoral durante a Semana Santa e quase sempre termina mal para o bicho.

Nos últimos cinco anos, ao menos 72 bois e vacas precisaram ser sacrificados devido à gravidade dos ferimentos ou por serem apreendidos sem atestados sanitários.

Na madrugada de ontem, 11 pessoas foram detidas por essa prática em Florianópolis. Todas foram liberadas.

Esse registro chamou a atenção de moradores porque ocorreu em área urbana -normalmente, são praias- e elevou para 15 o total de detidos na capital catarinense desde o início da semana em razão desse crime. No mesmo período do ano passado, houve uma prisão em Florianópolis e três em todo o Estado.

Segundo a polícia, ontem farristas reagiram jogando pedras, mas não houve feridos. O boi deverá ser sacrificado. "[Os farristas] conduzem o Estado a esta inevitável medida drástica [de proibi-los]", diz Flávio Pereira Veloso, veterinário da Cidasc, órgão do Estado para rebanhos.

A farra também pode acabar em tragédia, como a que ocorreu em 2004, quando um bebê de 2 meses morreu após o carro em que estava com os pais atropelar um boi em fuga na Grande Florianópolis.

O combate à farra reúne governo, polícias, Promotoria, ONGs e órgãos ambientais. Além de barreiras para conter o transporte de animais, há campanhas de prevenção em escolas do Estado.

A repressão resultou em queda de ocorrências, mas as farras resistem. Entre 2007 e 2012, a PM foi acionada 1.583 vezes para intervir em episódios ligados à farra do boi. Em 2012, houve confrontos em 12 dos 182 registros policiais.

O promotor Júlio Fumo Fernandes diz que é difícil punir farristas porque, ao chegar ao local, normalmente a polícia encontra "pessoas comuns" em torno do boi, sem testemunhas. "Não podemos admitir tradição com maus-tratos a animais. Tem até farra financiada por traficante."

O comando da PM diz que vem monitorando suspeitos e está "atento e preparado".

O presidente do Instituto Ambiental Ecosul, Halem Guerra Ney, diz que a repressão policial está motivando farras em outras épocas do ano, para fugir ao cerco. "A Semana Santa ainda é o período mais crítico", diz.

Para o antropólogo Eugênio Lacerda, da Universidade Federal de Santa Catarina, há "certo preconceito contra a farra". "As populações litorâneas sempre alegaram que o intuito não é machucar, mas brincar com o animal."


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