Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Estudante sempre foi orientado pela família a não reagir a assalto

Na mochila que Victor carregava, havia apenas material escolar e o uniforme do time de futsal

Santista fanático, universitário quis ser jogador de futebol e agora sonhava virar locutor esportivo

ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO

Sempre que o estudante Victor Hugo Deppman, 19, conversava com a família sobre violência recebia um conselho de nunca reagir a um assalto. "Sua vida vale muito mais do que qualquer celular, carteira ou carro", dizia a mãe do jovem, Marisa.

Mesmo seguindo o conselho, acabou baleado na cabeça anteontem. A mãe, o pai e irmão mais velho ouviram o estampido do apartamento.

Victor caiu morto em frente ao edifício onde morava.

Carregava nas costas uma mochila com seu material escolar e um uniforme do time "Inferno Vermelho". Esses objetos, segundo a família, contam muito da história do garoto assassinado.

"Inferno Vermelho" é o apelido do time de futsal da Faculdade Cásper Líbero. Vitão, como era chamado, era um dos seus artilheiros.

Santista fanático, sempre que podia estava numa quadra, num campo ou no controle de um PlayStation 3 disputando um jogo de futebol.

Sua paixão pelo esporte é uma herança da família. Um avô e um tio chegaram a jogar pelo Palmeiras. O pai, também santista, é comerciante de material esportivo; a mãe é advogada.

Vitão sonhou tornar-se jogador profissional, mas desistiu na adolescência.

Passou a sonhar em ser locutor esportivo. Por isso, decidiu fazer faculdade de rádio e TV. Tinha o narrador Milton Leite como um ídolo. Dizia-se fã das brincadeiras que o narrador fazia durante as transmissões dos jogos.

Era namorado da estudante Isadora, 19, com quem pretendia fazer um cruzeiro pelo Caribe no final deste ano.

Sobrevivente de graves problemas respiratórios na infância, Victor era alérgico a frutos do mar --a avó Neuza preparava prato especial para o neto quando havia frutos do mar no cardápio.

TV

O estudante dizia estar no melhor momento de sua vida. No estágio que fazia na RedeTV!, ganhava R$ 550 mensais. Foi produtor do extinto "Saturday Night Live", de Rafinha Bastos, e ficou feliz quando apareceu em um dos poucos programas.

Isso acendeu nele um desejo de passar, agora, para a frente das câmeras. Ajudava, ultimamente, no programa "O Último Passageiro".

Era da emissora que o estudante voltava mais cedo para casa. Estava numa semana de provas na faculdade e queria se preparar.

Seu corpo foi enterrado ontem. Sobre o caixão, a bandeira do Santos, uma de suas grandes paixões esportivas, e uma camisa do "Inferno", com o número 10 às costas, uma homenagem a Victor. O número era vetado no time de futsal para evitar "estrelismo". Parte da equipe foi ao enterro.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página