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Foco

Fã de Caetano e de Raul Seixas, padre excomungado agora pensa na política

CRISTINA CAMARGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BAURU

Sem a batina desde anteontem, Roberto Francisco Daniel, 48, conhecido como padre Beto, ensaia os próximos passos: dar aulas e palestras, escrever livros e artigos, fazer programas de rádio e até seguir carreira política. "Vou pensar se aparecer um convite."

Beto foi excomungado pela Igreja Católica após declarações de apoio a homossexuais.

Ontem, ele se comparou a vítimas da Inquisição e se disse "honrado em pertencer à lista de muitas pessoas assassinadas e queimadas vivas por pensarem e buscarem o conhecimento".

Filho de católicos, o ex-padre diz que se aproximou da religião por causa da admiração a católicos progressistas como d. Paulo Evaristo Arns (SP), d. Mauro Morelli (RJ) e d. Pedro Casaldáliga (MT). "Eles falavam, e o país parava."

Depois de ordenado, aos 33 anos, foi estudar teologia na Alemanha, onde também concluiu o doutorado em ética. "Lá encontrei liberdade para refletir e questionar." É formado ainda em história e direito e fez curso de radialismo.

Em seu site, recomenda os filmes "Sociedade dos Poetas Mortos" e "Beleza Americana" e os livros "O Livro do Amor", que defende o amor livre, e "A Revolução do Amor Por Uma Espiritualidade Laica".

Ele diz que gosta de ouvir Caetano Veloso, Zélia Duncan, Fernanda Takai, Raul Seixas e a banda alemã de punk rock Die Toten Hosen.

De volta da Alemanha, logo chamou a atenção em Bauru. Usa anéis, piercing, camisetas com estampas de rock ou a imagem de Che Guevara. É figura frequente em choperias.

Um de seus parceiros de chope é o pai de santo umbandista Ricardo Barreira. "Ele já foi no terreiro e eu na igreja. Somos amigos e sacerdotes."

Fiéis desiludidos com a igreja e noivas "perdidas" lamentaram ontem a excomunhão.

Maria Cristina de Queiroz, 53, que afirma ter sido "resgatada" pelo ex-padre, agora diz que é ex-católica. "O sentimento que sobrou foi de vergonha."

Ontem, a Diocese de Bauru divulgou comunicado negando que a punição decorra das declarações em favor dos gays, mas porque Beto "se negou categoricamente a cumprir o que prometera em sua ordenação sacerdotal: fidelidade ao magistério da igreja e obediência aos seus legítimos pastores".


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