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Análise

Estímulos ajudam, mas exagero é prejudicial

Segundo especialistas, excesso de atividades pode causar problemas como cólica e distúrbios do sono em bebês

Simples trocas de olhares e comemorações aos primeiros sons vocais podem ajudar no raciocínio e na capacidade de interação social

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

Estímulos a bebês têm aparecido em diversos estudos como primordiais para o desenvolvimento das crianças. O desafio, no entanto, é acertar a dosagem.

Para analisar um dos extremos a ausência de estímulos o professor Charles Nelson, da Universidade Harvard (EUA), investigou crianças que cresceram em orfanatos na Romênia.

Durante a ditadura de Nicolae Ceausescu (1967 a 1989), as famílias que, em geral, tinham péssimas condições socioeconômicas foram incentivadas a deixar seus filhos nesses locais. Entendia-se que o Estado cuidaria melhor deles.

O problema é que, como o número de crianças nos orfanatos cresceu muito, a estrutura ficou precária. Era comum haver média de 15 bebês para cada cuidador.

Nessa situação, também era comum que os bebês passassem a maior parte do tempo em berços, olhando paredes e tetos, sem estímulos ou interação com adultos.

A investigação da universidade comparou esses bebês com outros que viviam com famílias.

As do orfanato estavam em condições piores em linguagem, em testes de inteligência e na sociabilidade.

As atividades cerebrais eram menos intensas. Muitas eram estrábicas (resultado do tempo que passavam olhando para o teto) e não ajustavam o olhar em diferentes profundidades. Tinham também retardo físico. Estudos como esse concluem que estímulos nos primeiros meses e anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento até a vida adulta.

O temor de neurocientistas e pediatras é que, a partir dessa constatação, as famílias exagerem nas atividades e prejudiquem os bebês, tendo como consequências cólicas, distúrbios de sono e outros problemas de saúde.

O que os estudos como o de Harvard mostram é que os estímulos considerados até mesmo rudimentares já fazem diferença.

A troca de olhares dos pais com o bebê ou a comemoração quando vêm os primeiros sons vocais estimulam áreas do cérebro em formação, que, mais tarde, terão impacto na capacidade de interação social, na confiança e também no raciocínio das crianças.


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