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Defasagem de cotistas caiu, afirma MEC

Ministério calculou a diferença entre beneficiários de ações afirmativas e os demais entre 2008 e 2011 em exame federal

Estudo do governo foi feito após a Folha informar que a nota dos cotistas era menor na avaliação de 2008

FÁBIO TAKAHASHI ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

O desempenho acadêmico de alunos beneficiados por políticas como cotas ou bônus em universidades públicas é menor do que os demais, mas a diferença caiu nos últimos anos, segundo o Ministério da Educação.

Levantamento do governo indica que a diferença entre as notas médias era de 9,9% em 2008 e caiu para 3% em 2011. Foram avaliados os mesmos cursos (como engenharia, história e pedagogia).

A queda é resultado principalmente de um recuo de 6% nas notas de não cotistas. Isso explica 85% da redução na diferença de desempenho entre os dois grupos.

A nota dos não cotistas subiu 1,1% no período.

O levantamento do ministério foi feito após a Folha publicar reportagem que mostrou que um estudo de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense indicava que o desempenho de beneficiários de ações afirmativas era inferior ao dos outros universitários, em instituições federais e estaduais.

A diferença encontrada pelos acadêmicos em 2008 (último ano para o qual os dados estavam disponíveis quando foi feita a pesquisa) é próxima à verificada pelo ministério. Os cálculos se baseiam nas notas dos concluintes de cursos de graduação no Enade (exame federal de estudantes universitários).

Outras pesquisas baseadas em estudos de casos de instituições mencionados pela reportagem da Folha indicavam tendência de manutenção da distância entre as notas de cotistas e não cotistas ao longo da graduação --como na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

MELHORIAS

De acordo com o ministério, no entanto, a disparidade de rendimento entre os cotistas e não cotistas caiu no país como um todo.

Segundo a pasta, a queda das médias dos não cotistas não significa necessariamente que esse grupo piorou no período, pois as provas do Enade não são elaboradas para terem a mesma dificuldade em anos diferentes.

No entanto, diz a pasta, é possível comparar a diferença no desempenho de cotistas e não cotistas em um mesmo ano do exame.

O fato de essa disparidade ter caído entre 2008 e 2011 indica, portanto, um melhor resultado dos cotistas em relação ao rendimento dos demais estudantes.

Para o governo, isso ocorreu devido ao atendimento melhor dado aos beneficiários de ações afirmativas pelas universidades --como cursos de reforço e tutorias.

"Uma diferença de 3% é uma vitória para a política de cotas. Estamos conseguindo fazer inclusão com excelência", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "Mas isso não quer dizer que não tenhamos desafios."

OUTRAS OPINIÕES

Para pesquisadores, existe a possibilidade de que a forte ampliação das vagas nas universidades esteja levando ao ingresso de não cotistas com formação mais fraca. Isso poderia ajudar a explicar o resultado encontrado pelo ministério no Enade.

"Essa é uma hipótese, mas é preciso ver se a tendência apontada pelo MEC se confirma", afirmou Maria Eduarda Tannuri-Pianto, da Universidade de Brasília.

Antonio Beraldo, professor da federal de Juiz de Fora (MG), concorda. Ele ressalta ainda que na UFJF, segundo dados analisados até 2011, não havia ocorrido redução na distância das notas de cotistas e não cotistas.

DESEMPENHO PRÓXIMO

Segundo ele, o único grupo de cotistas que tem mostrado desempenho próximo ao dos não cotistas são os alunos formados em escolas públicas federais, consideradas de melhor qualidade.

A professora da UnB diz acreditar que programas de apoio a cotistas, como tutorias, ainda não tiveram efeito significativo para melhorar o desempenho dos alunos.

Coordenador do grupo de estudos em educação superior da Unicamp, Renato Pedrosa avalia que as variações das diferenças entre cotistas e não cotistas são pequenas.

Assim, não é possível garantir que os alunos beneficiados pelas ações afirmativas estejam, de fato, melhorando. A imprecisão se agrava, diz, pelo fato de as provas do Enade de anos diferentes não serem comparáveis.


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