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Estrangeiros pagaram 'coiotes' para chegar ao país

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre os haitianos despejados, em meio a dezenas de analfabetos, Elysee Augustin, 37, e Jean Denis Alaime, 29, aparecem como exceções.

Falam inglês, francês, espanhol, português e creole, a língua nativa, e atuaram como intérpretes nas entrevistas da Folha com os colegas.

Augustin é formado em sociologia e iniciou um mestrado em antropologia na República Dominicana, enquanto Alaime fez faculdade de engenharia industrial, também no país vizinho ao Haiti.

A forma como os dois chegaram ao Brasil também foi diferente. Eles pagaram cerca de US$ 2.500 por uma passagem de avião, com escala no Panamá.

A maioria dos demais, no entanto, entrou sem visto, por via terrestre, contratando "coiotes" para atravessar a fronteira, num itinerário que passa por Panamá, Equador e Peru até chegar à fronteira com o Acre.

Augustin disse que preferiu o Brasil aos EUA por questões ideológicas. "Os americanos fizeram muito mal ao povo haitiano", disse.

Há dez meses em São Paulo, ajuda os recém-chegados, iniciando-os no português e dando orientações sobre como regularizar a documentação e procurar trabalho.

Ele disse que até já conseguiu um emprego, mas desistiu. "No Haiti, eu era sociólogo, mas aqui o máximo que consegui foi ser gerente do McDonald's", disse.

Alaime também reclama. No Haiti era professor de línguas, mas no Brasil só conseguiu trabalhar como auxiliar numa empresa. Por isso, pensa em voltar a estudar. "Tenho que ver como o mercado está e de que tipo de profissionais o Brasil precisa."

MINORIA

No grupo de despejados, apenas quatro mulheres, todas desempregadas. Uma delas conseguiu emprego, mas logo foi demitida. O desconhecimento da língua é o maior problema, segundo Darvil Syna, 27, que está no Brasil há quatro meses.

"Não fiquei muito tempo porque não entendia a língua", disse Darvil, antes de relatar o desejo de não retornar ao Haiti. "Lá não há emprego para quem não é simpatizante do governo", disse.

Em vez disso, ela afirma ter esperanças de encontrar um emprego no Brasil e ganhar dinheiro suficiente para trazer o resto de sua família.


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