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Foco

Alunos de saia fazem protesto na USP contra o preconceito

ANA KREPP COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com saias curtas, longas, largas ou apertadas, cerca de 150 estudantes se reuniram no final da tarde de ontem na praça do Relógio da USP, na Cidade Universitária (zona oeste de São Paulo), para protestar contra o preconceito.

O ato "USP de saia!" foi organizado por Fernando Pereira, estudante de engenharia da Poli, pelo Facebook.

O protesto teve origem no caso de Vitor Pereira, calouro do curso de têxtil e moda na USP Leste.

Ele foi para a aula de saia e camiseta no dia 24 de abril e diz que recebeu comentários favoráveis e contra pessoalmente, mas na internet foi alvo de preconceito.

Após a experiência, o estudante decidiu criar uma página na rede social, chamada "Homens de saia", para defender o uso da peça por ambos os gêneros.

MANIFESTAÇÃO

Às 18h, os universitários formaram uma roda no local, onde uma pessoa por vez se dirigia ao centro para contar o que a motivou a ir ao protesto e para compartilhar as experiências que viveu por conta da vestimenta.

O ato durou cerca de uma hora e terminou com convites aos alunos para usarem saias diariamente, se assim quiserem, e não somente por ocasião do protesto.

"Esse é um espaço acadêmico em que a diferença deve ser valorizada. É aqui que as mudanças começam", disse uma das organizadoras.

Alunos, porém, revelaram que sair de casa e ir até o campus de saia não foi fácil.

"Coloquei [a saia] só quando cheguei na USP, porque pega mal vir da periferia com esta roupa. Lá ainda tem muito preconceito", disse Filipe Ridigolo, 24, estudante de história, morador da zona leste da capital.

Outra dificuldade, segundo Ridigolo, foi acostumar-se ao uso da vestimenta. "Estou adorando usar a saia, o problema é que sou gordinho e uma coxa rala na outra".

Gabriel Pontes, 22, estudante de engenharia naval, deixou claro que é heterossexual, mas que topou o desafio para sentir na pele o preconceito sofrido pelos amigos que usam o vestuário.

"Cheguei a ficar magoado com os comentários de colegas da engenharia que a todo momento diziam: olha que lindinha'. Chegaram a ameaçar rasgar a minha saia."

Mas não foram todos que gostaram do protesto.

Perto de lá, um segurança que pediu para não ser identificado disse que achava aquilo o "fim do mundo". "O pessoal tem que aprender a virar homem", afirmou.


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