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Foco

Após agressões a turistas, brasileiros mantém 'pé atrás' com os 'personagens de NY'

Em abril, homem fantasiado de Come Come, da Vila Sésamo, foi preso por empurrar criança e exigir gorjeta na Times Square

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

Podem não ser tão bonzinhos assim o Homem-Aranha, ou o Super Mario que atuam na Times Square, tradicional ponto turístico de Nova York, nos Estados Unidos.

Os turistas brasileiros que se aventurarem durante as férias de julho pela cidade -no ano passado todo foram 826 mil deles, segundo a organização de turismo NYC & Company- terão motivos para desconfiar dos homens e mulheres fantasiados de Mickey Mouse a Michael Jackson que posam para as câmeras em troca de poucos dólares.

Recentemente, companheiros dos aparentemente inofensivos ursinhos Pooh e dos coelhos Pernalonga tiveram seus nomes envolvidos em suspeitas de agressão.

No mês passado, a polícia prendeu um Come Come (personagem do programa infantil Vila Sésamo) por suposto comportamento violento ao empurrar uma criança e xingar sua mãe, exigindo gorjeta.

O caso repercutiu entre autoridades locais, que concordaram: legalmente, é difícil conter a atividade. Embora os personagens não tenham autorização dos donos de suas imagens, fantasiar-se e andar pela Times Square é um direito garantido pela Constituição. Há pouco menos de um ano, ganhou repercussão o episódio em que um homem com roupa de Elmo (também da Vila Sésamo) foi preso gritando ofensas antissemitas. No final do ano passado, foi a vez de um Super Mario que teria apalpado uma turista.

Os Estados Unidos são o terceiro maior destino de turistas estrangeiros, ainda de acordo com a NYC & Company. Mas muitos deles não conhecem o "lado B" dos personagens fantasiados.

"Eu não conhecia essas histórias. Mas, como eu vi que para tudo aqui se pede dinheiro do turista, já fico com o pé atrás", disse Gustavo Calabresi. "O meu tio disse: 'Imagina se um deles for ladrão?', mas não sabíamos de nada disso", conta Luana Feltrin.

Priscila Nakasato mostrava as fotos da filha com os personagens. "Comigo deu tudo certo. Já pensou, filha, se o Muppet tivesse te levado embora?", brincou com a criança. "Não era Muppet, mamãe! Era Elmo!", corrige Olívia Nakasato, 5.

POPULAÇÃO MASCARADA

As performances de rua sempre foram tradicionais no local, mas o aumento da presença dos fantasiados é um fenômeno recente e deve avançar com a chegada das férias de julho.

Procurada, a Times Square Alliance, entidade que promove os negócios locais, respondeu que não comentaria o assunto, que incomoda restaurantes, lojas, hotéis e teatros, segundo lojistas.

Mas um levantamento informal aponta que, antes do ano passado, havia menos de 20 deles. Atualmente, passam de 50, em dias mais movimentados.

A Folha circulou pela área na noite de quinta-feira e observou mais de 30 artistas.

"Estou há 19 anos na Times Square, e há sete como estátua da Liberdade. Alguns turistas não percebem que estamos trabalhando por dinheiro. Mas nunca tive problema por isso", diz o dançarino colombiano Bonny Arias.

"Não obrigo ninguém a dar gorjeta. Eu poso para a foto, e a pessoa paga se quiser. Mas dá para juntar US$ 80 por dia", calcula um Elmo, que não quis se identificar.

Nem todos são generosos.

"Eu aviso antes que cobro a gorjeta. Quem não quer pagar vai embora", explica um Homem-Aranha sem humor.

Um Iron Man foi direto ao ponto com a reportagem quanto ao uso dos superpoderes. "Por US$ 2 eu salvo sua vida."


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