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Como decolar uma carreira

Voar de helicóptero com fã é a mais nova estratégia do empresário Reinaldo Kherlakian em sua cruzada para se tornar, a todo o custo, um astro

ROBERTO DE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

Nem o céu é o limite na cruzada que o empresário Reinaldo Kherlakian traçou para se transformar num astro.

Herdeiro milionário da galeria Pagé, meca do consumo popular paulistano, Kherlakian diz que abriu mão dos negócios e só se reúne uma vez por semana com um corpo jurídico e sobrinhos, nomeados para comandar o prédio de 11 andares na região da 25 de Março. "Hoje, sou 100% música", diz, enfático.

No mês passado, Kherlakian, com um terno que mudava de cor (ora preto, ora prata), cravejado de cristais Swarovski, inovou na apresentação do Espaço Mega, na zona sul paulistana, onde o ingresso custava R$ 280.

Antes de soltar a voz no show-jantar, sorteou um voo de helicóptero. A ganhadora, a empresária Denise Scussolino, 49, naquele instante deu sinais de que iria amarelar: "Não sei se vou ter coragem". Amarelou. Em seu lugar Kherlakian apareceu com a dentista Sumaira Calil Mohamed.

A aeronave branca, que foi do Campo de Marte à represa de Guarapiranga, traz as inicias do proprietário, impressas em estilo tribal, dos dois lados. Reinaldo Kherlakian é o dono e também o piloto.

Contido, voz mansa, ele tentava acalmar sua convidada e a reportagem da Folha, que acompanhou o voo.

Sumaira, 25, estava empolgadíssima. "Achei que fosse ficar com medo, mas está bem tranquilo", disse a mil metros de altitude e a 130 km/h.

Quando o assunto é música, ela diz gostar "um pouquinho de tudo, de Katy Perry a Reinaldo Kherlakian". Cita sua predileta: a canção "Amigo Fiel", de autoria do empresário, homenagem ao labrador Bedo, que dividiu a cama com ele durante 14 anos e há dois está enterrado no quintal da sua casa no Morumbi -onde há um minizoo, com araras, minicavalos, cães, minivaca, burrinho, zebra e até um tigre-de-bengala, Sultão.

Por enquanto, "Amigo Fiel" é o único registro do cantor em CD e DVD. "É a canção que mais esmiúça minha intimidade", emociona-se.

Durante os 40 minutos de voo no helicóptero Robinson R44, Kherlakian falou de música, mas não soltou o gogó. Lá no alto, o personagem incorporado era "100% piloto".

CAMARIM MÓVEL

Ele não diz quanto gasta para emplacar sua carreira. "Não há negócio sem investimento, mas tudo aquilo que você se dedica dá resultado."

Seguindo essa estratégia, mostra seu mais novo xodó: um camarim móvel, instalado numa Sprinter Van Mercedes, com a marca símbolo, o "RK", feita de pequenas lâmpadas que lembram a iluminação de um camarim.

Dentro, cheira a novo: carpetes felpudos, bancos de couro e frigobar num ambiente refrigerado, inclusive o "toilette". Sim, no camarim móvel, tudo está em francês.

O plano é ocupar os espaços externos das janelas da van com monitores de LCD. Neles, o cantor vai exibir cenas de seus shows. A ideia é simples: mostrar Reinaldo cantando por onde a van passar.

Ser cantor é um desejo que o empresário vem amadurecendo há mais de 40 anos. De família armênia, lembra-se do sonho em que era um garoto com microfone na mão, pé direito sobre uma caixa de madeira. Hoje, aos 58, o palco em que sobe em nada lembra aquela velha caixinha.

Club A, Espaço Mega e Clube Sírio são algumas das casas que se abriram para o show "Para ouvir com o coração", que conta com um "staff" de 25 profissionais, entre músicos e técnicos.

É fácil identificar quem o prestigia: uma parcela da elite paulistana por onde Kherlakian transita. O eterno playboy Chiquinho Scarpa e a socialite Marli Mansur se dizem fãs. A empresária Cozete Gomes, aquela do reality "Mulheres Ricas", define Reinaldo como "bafônico". Ponto.

No próximo dia 5, o "bafônico" fará show beneficente em prol do projeto "Padarias Artesanais", no Palácio dos Bandeirantes, com o governador Geraldo Alckmin e a primeira-dama, Lu Alckmin.

No repertório, "Dio Come Te Amo" (Domenico Modugno) e "Cavalgada" (Roberto e Erasmo). O cantor se emociona, chora, se descabela, chora de novo. No final, incorpora Roberto Carlos e distribui três dúzias de rosas colombianas ao som de "Amigo".

"RK" mantém 14 ternos exclusivos para shows. O tecido vem de Nova York e de Paris. Quem confecciona é o estilista Ricardo Almeida. "As roupas geram um probleminha técnico por causa da pedraria. Quebra a máquina", conta Almeida. O estilo de Kherlakian? "Acho que é mais 'showman', para aparecer."

É isso Reinaldo? "Não tenho medo de me mostrar. Nada contra camiseta, jeans e tênis, mas respeito meu público. Ninguém quer te ver com um terninho marrom."

Mostra um par de sapatos bege cravejado de cristais Swarovski do designer francês Christian Louboutin. "Isso me ajuda a compor o personagem. Faz parte do meu show", diz, emocionado.

Sobre as comparações com Cauby Peixoto, afirma: "Nunca tive a pretensão de ser Cauby. Ele é um professor".

Mas, afinal, quem é Kherlakian? "Reinaldo não é convencional. É improvável", diz a mulher, a empresária Adele Zarzur Kherlakian. Já ele próprio é mais, digamos, "100% música": "Se fosse me definir, diria que sou uma mistura de Elvis, Cauby e Roberto Carlos. Mas sou único". Disso, ninguém dúvida.


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