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Policiais dizem que equipes não são suficientes para liberar estradas
Caminhoneiros desafiam Justiça e voltam a bloquear rodovias apesar de proibidos por liminar
Protestos atingiram ao menos 18 rodovias e 8 Estados; 'intenção é reestabelecer a normalidade', diz líder
Caminhoneiros desafiaram decisão da Justiça e contaram com a falta de infraestrutura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) para fechar estradas pelo terceiro dia seguido.
Em oito Estados, 18 rodovias voltaram a ter bloqueios liderados pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro.
Os atos prosseguiram ontem, em vias como BR-116 (BA) e BR-101 (RS), apesar de liminar contra as interdições e de uma multa de R$ 6,34 milhões imposta pela Justiça Federal do Rio --e R$ 100 mil por hora de bloqueio.
Agentes da PRF ouvidos pela Folha admitiram a falta de contingente e equipamentos para liberar rodovias em cinco Estados --Mato Grosso, Rondônia, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Segundo eles, não há estrutura para fazer desbloqueios forçados --que podem depender de reforço da PM.
A PRF tem um grupo de 150 homens para agir em casos de conflito, mas eles foram mobilizados para a Copa das Confederações e não tinham retornado a alguns Estados, como no Mato Grosso.
No Rio Grande do Sul, foram convocados agentes de folga para intimar os caminhoneiros. Além da falta de efetivo, a notificação dos líderes dos protestos atrasava a desobstrução das vias.
O chefe de policiamento em Rondônia, João Bosco Ribeiro, dizia ter um efetivo de 220 policiais para atender ainda ao Acre e parte do Amazonas, onde há seguidos protestos de índios e sem-terra. O ideal seriam 600, afirmou.
No Paraná, a PRF tinha 12 policiais para cumprir a ordem judicial contra 200 manifestantes na BR-277. Acabou recorrendo à Polícia Militar e à Polícia Federal.
Nos últimos três dias, a PRF contabilizava pelo menos 90 trechos de rodovias federais bloqueadas pelo país, por mais de mil manifestantes, além de 15 detenções.
O movimento dos caminhoneiros tem reivindicações diversas, como subsídio ao diesel e isenção em pedágios. A previsão original era parar com os atos hoje de manhã.
O líder do grupo, Nélio Botelho, dizia que "a intenção é reestabelecer a normalidade", mas que mais de 90% das mensagens recebidas em consulta pela internet eram para continuar a ação.
Além de impor uma multa, a decisão da Justiça do Rio bloqueou os bens de Botelho e da entidade.