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PF vai investigar bloqueio de estradas; Dilma cobra 'ordem'
Governo suspeita que empresários do setor estejam por trás dos protestos de caminhoneiros; 15 foram detidos
Líder de uma entidade de caminhoneiros afirma que é autônomo e está sendo usado como 'bode expiatório'
O governo determinou ontem que a Polícia Federal abra inquérito para investigar o envolvimento de empresários do ramo de transportes na paralisação geral das rodovias, e a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo "não ficará quieto" diante dos bloqueios.
"Lá na nossa bandeira está escrito ordem e progresso. Estou falando do progresso, que é a construção da infraestrutura. Mas eu também queria falar da ordem: é fundamental no país que estradas não sejam interrompidas", disse a presidente.
"Meu governo não ficará quieto perante processos de interrupção de rodovias."
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que "há indícios de que a paralisação seja coordenada por empresários do ramo dos transportes".
Para o governo, a medida poderia configurar locaute (greve patronal), visando o desabastecimento de combustível no país.
Parte dos empresários, principalmente as pequenas empresas, estaria interessada em flexibilizar a jornada dos caminhoneiros, reduzindo os períodos de descanso, para reduzir custos.
"O governo não vai tolerar prática de crimes ou abusos de quem quer que seja", disse o ministro.
No despacho encaminhado à Polícia Federal solicitando a abertura do inquérito, Cardozo citou nominalmente o MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), responsável pela convocação do movimento, e o presidente da entidade, Nélio Botelho.
Procurado pela Folha, Botelho afirmou estar sendo usado como "bode expiatório" pelo governo.
"Sou proprietário de um caminhão que nem acabei de pagar. Ele é agregado numa cooperativa de transporte de carga, não é empresa. Eu sou presidente da cooperativa."
Até agora, segundo a Polícia Rodoviária Federal, 15 pessoas foram presas no movimento dos caminhoneiros.
O ministro César Borges (Transportes) disse que por enquanto não há sinal de desabastecimento no país.
A Advocacia Geral da União informou que, apesar de as liminares não determinarem que a Polícia Rodoviária Federal deve executar a desocupação das rodovias, ela pode auxiliar na retirada dos manifestantes.