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Flip 2013

Niemeyer foi o melhor e o pior da arquitetura brasileira, diz crítico

Americano Paul Goldberger debateu em Paraty com arquiteto português Eduardo Souto de Moura

Um dos principais analistas da área nos EUA defende que brasileiro se repetiu e ofuscou grandes nomes

RODRIGO LEVINO ENVIADO ESPECIAL A PARATY

No segundo dia da principal festa literária do país, a arquitetura foi responsável por um dos pontos mais elevados dos debates.

Na segunda mesa da Flip 2013, o crítico americano Paul Goldberger, vencedor do prêmio Pulitzer, e o arquiteto português Eduardo Souto de Moura, vencedor do prêmio Pritzker de arquitetura, se mostraram pouco simpáticos à obra de Oscar Niemeyer (1907-2012), quando provocados pela plateia a respeito da arquitetura brasileira.

"Niemeyer foi brilhante ao mostrar que certas obras são possíveis, mas [essas obras] nem sempre se prestam ao público", disse Souto de Moura, expoente da chamada "escola do Porto" de arquitetura.

Crítico de arquitetura mais popular dos EUA --escreveu para o "New York Times" e para a "New Yorker" e hoje tem uma coluna na "Vanity Fair"--, Goldberger foi mais duro ao analisar a obra do maior arquiteto brasileiro.

"Niemeyer foi a melhor e a pior coisa para a arquitetura brasileira. A sua sombra perdurou tanto que há até pouco tempo as pessoas sequer conheciam Lina Bo Bardi, certamente uma das maiores arquitetas do século 20."

Tanto Souto de Moura quanto Goldberger concordaram no apreço pelas primeiras obras do brasileiro.

"Quando ele surgiu, foi como a bossa nova para o jazz: deu sensualidade, curvas, movimento", comparou o americano. "Mas, com o passar do tempo, me parece que ele acreditou demais na própria lenda, se copiar, fazer uma paródia que eu considero simplista de si mesmo".

Sobrou também para o urbanista Lucio Costa, com quem Niemeyer projetou Brasília. "Na teoria, Costa é perfeito, coisa que não acontece com a prática de seus projetos", atacou Souto de Moura.

Os dois elogiaram a obra de outro brasileiro, Paulo Mendes da Rocha, no dizer de Souto de Moura, "em plena flor da idade criativa". "Interesso-me por seu modo de ver o mundo, sua profundidade ética, política e confesso que já o copiei num projeto", disse, para diversão da plateia.

Antes de a discussão desaguar em Niemeyer, Souto de Moura afirmou que todo arquiteto é um esquizoide, na medida em que precisa equacionar a sua originalidade, o pedido do cliente e a exequibilidade da obra.

Goldberger foi além: "Eu diria que [o arquiteto é] também um pouco de psiquiatra ou psicanalista, pois, quando ele projeta uma casa para alguém, de certo modo adentra a alma daquela pessoa na busca pelo que a define".


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