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SP quer usar guarda cadeirante até em vigilância de ruas

Concurso aberto para a Guarda Civil Municipal reserva cem vagas para pessoas com deficiência física e sensorial

Especialista critica iniciativa e diz que colocar cadeirante em ação de rua é exagero do politicamente correto

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO

De forma pioneira no Brasil, a Guarda Civil Municipal de São Paulo está chamando para compor seus quadros pessoas com deficiência física e sensorial.

Um concurso público, aberto até o começo de novembro, reserva cem vagas para esse público, que poderá desempenhar qualquer função, mesmo as operações de rua ou de vigilância.

Isso significa que a cidade poderá ter, até o ano que vem, guardas em cadeira de rodas orientando pessoas ou cuidando do patrimônio público.

A iniciativa tem resistência por parte de especialistas e autoridades em segurança.

"A expectativa é grande para que essas vagas sejam preenchidas. Queremos demonstrar uma política firme de inclusão. A deficiência está no meio e não nas pessoas", afirma o secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto.

Ao todo, serão 2.000 vagas para a guarda. As provas para pessoas com deficiência poderão ser realizadas em braile, para cegos e pessoas com baixa visão, em libras, para surdos, e serão em locais com acessibilidade.

Os candidatos devem ter concluído o nível médio de ensino, idade entre 18 e 35 anos até março de 2014, carteira de habilitação categoria B, além de altura mínima de 1,60 m para mulheres e de 1,65 m para homens (exigência mantida aos deficientes).

Uma comissão será montada para realizar os exames de aptidão física de quem tiver algum comprometimento físico ou sensorial.

"Os que passarem poderão desenvolver funções inclusive na rua. Várias questões estão contempladas no trabalho de um guarda municipal e não apenas correr atrás de bandido", diz Marianne Pinotti, secretária municipal da Pessoa com Deficiência.

"Queremos criar um modelo para o país mostrando que é possível", acrescenta.

Policial Militar afastado por invalidez desde 2004, após sofrer um acidente de carro, o ex-segundo-tenente Luis Fernando Sper Cavalli, 35, que é tetraplégico, acredita que há funções na segurança pública que podem ser realizadas por quem tem alguma deficiência.

Ele até quis voltar à carreira militar, mas não teve incentivo nem caminhos abertos para fazê-lo. Hoje Cavalli dá aulas de educação física adaptada e saúde em uma faculdade de formação de PMs.

"Atividades como o atendimento de chamadas de emergência, despacho de ocorrências, monitoramento de câmeras de vigilância, análises criminais, planejamento de operações, instrução do efetivo e serviços burocráticos em geral podem ser pensados para profissionais com deficiência."

INIMAGINÁVEL

Para Luís Flávio Sapori, sociólogo e coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC-MG, a medida é "surpreendente" e não adequada.

"É inimaginável para mim o trabalho de um guarda civil cadeirante. O critério físico para carreiras na segurança é fundamental. Não dá para querer ser politicamente correto em uma atividade que demanda, necessariamente, uma boa disposição do corpo para realizá-la."

As inscrições para o concurso podem ser feitas até 8 de novembro e o salário inicial é de R$ 1.377,32. As informações completas estão no site www.vunesp.com.br.


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