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Assaltos em série assustam turistas de Santa Teresa, no Rio
Ladrões em dupla, quase sempre em motos, têm atacado pedestres na rua do charmoso bairro turístico
Reportagem conversou com oito vítimas recentes, uma delas atingida por um tiro dado por um criminoso
A produtora Kellys de Abreu, 34, descia uma das escadarias do bairro de Santa Teresa quando o assaltante encostou a arma em sua nuca. Aos gritos, o homem ordenou que ela entregasse tudo o que havia dentro da bolsa: um iPhone, cartão de crédito, documentos e R$ 200.
O roubo ocorreu às 13h30 do dia 11 de setembro, uma quarta-feira, e segue um padrão que se repete há pelo menos três meses nas ruas de Santa Teresa, o charmoso bairro turístico do Rio, repleto de casarões antigos, ladeiras e conexão direta com as zonas sul, norte e centro.
Uma série de assaltos, principalmente a pedestres, vem assustando os moradores e turistas da região. Os ladrões costumam chegar em dupla, quase sempre em motos.
No dia 23 de setembro, pouco depois da meia-noite, a geógrafa Maiza Verastegui, 43, caminhava com dois amigos quando uma moto freou bruscamente e um homem pediu a bolsa dela.
"Eu entreguei na hora. E, mesmo assim, ele me deu um soco na cara. Depois, acertou um soco em um dos meus amigos", lembra Maiza.
Na mesma rua, às 22h do dia 25 de julho, Marília Queiroz, secretária executiva de uma empresa privada, seguia sozinha na direção do Bar do Gomez, badalado endereço da noite local, quando foi agarrada pelo pescoço.
Santa Teresa é um bairro com um histórico de violência em razão dos confrontos associados ao tráfico de drogas nas favelas da região. Em 2011, a polícia ocupou essas comunidades para instalar UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).
Com a intervenção, aumentou a sensação de segurança e o bairro se consolidou como um dos principais destinos turísticos da cidade. As ações recentes voltaram a trazer preocupação.
A reportagem da Folha entrevistou oito vítimas de assaltos em Santa Teresa ocorridos recentemente. Seis foram abordadas por duplas de criminosos que circulavam em motos. Duas, por ladrões em carros.
O músico Luciano Vaz Corrêa, 43, subia de carro a ladeira da rua Costa Bastos quando três homens armados saíram de dentro de um veículo. Ao ser abordado, Corrêa, assustado, deixou seu carro descer a ladeira de ré até bater em um poste.
"Um deles atirou. A bala atravessou o vidro e atingiu o meu estômago."